Veterinários fazendo cirurgia em animal pelo programa Meu Pet Feliz. Foto / Adenir Britto/PMSJC

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Definitivamente, castrar o seu animal de estimação é mais do que um ato de amor, é um ato de humanidade. Até hoje, mesmo com a internet nos trazendo todo tipo de informação, ainda existem muitas crenças sobre a castração do pet.

A mais comum é a de que a as fêmeas devem ter pelos menos uma ninhada antes de serem castradas para que se tornem saudáveis e felizes. A outra crença é em relação aos machos, e diz que se eles forem castrados se tornam animais tristes, frustrados por não poderem mais cruzar.

Desculpe o termo, mas tudo isso é bobeira, tudo fake news, nada disso procede. E se você tem dúvidas, não precisa acreditar em mim, pergunte a qualquer veterinário, pois foi com base no que esses profissionais disseram que eu escrevi esse artigo.

Primeiramente, precisamos parar de supor que o animal pensa e sente como nós humanos. Como já disse na semana passada, animal é animal, por mais que a gente os ame. Por isso mesmo o cachorro ou gato não precisa cruzar para sentirem-se satisfeitos ou completos.

Na verdade, cães e gatos agem por instinto, então imagina a quantidade de frustração que eles não acumularam com todas as fêmeas que estiveram no cio no seu prédio ou na sua rua sem que eles tivessem acesso a elas?

Nós humanos não sabemos quando isso está acontecendo, mas eles sentem o faro de um cio a quilômetros de distância. Isso significa que seu cachorro ou o seu gato quis cruzar inúmeras vezes, durante vários dias seguidos, o que pode ter gerado muita frustração e um estresse constante em suas vidas.

E se você acha pouco livrar o seu animal de todo esse estresse, vou abordar por outro lado: a castração nos machos reduz em grande escala os problemas de próstata e evita o câncer de testículo, que pode ser fatal.

Eles ainda ficam mais dóceis, até os que são mais agressivos, e não sentem aquela necessidade doida de ficar marcando território com urina. Enfim, não há nada, absolutamente nada, que indique algo de ruim na castração do macho, muito pelo contrário, seu cachorro ou gato vai viver melhor e por muito mais tempo.

Por que castrar as fêmeas?

“Se eu tomar cuidado, não vejo qualquer necessidade em castrar minha cachorra ou gata”. Essa é a frase que a gente mais ouve quando o assunto é castração de fêmeas, como se o único problema fosse pegar cria. E esse nem é o menor dos problemas, visto que serão mais cachorros e gatos que poderão ou não ter uma família para olhar por eles.

O grande e terrível problema de não se castrar uma fêmea é uma doença chamada piometra. Trata-se de uma infecção uterina grave de origem bacteriana e que, se não tratada, pode levar a choque séptico e morte. O problema é que essa é uma doença silenciosa, e quando o tutor percebe, pode ser tarde demais

A piometra (que acomete mais as cadelas do que as gatas) acontece durante o final do ciclo reprodutivo da fêmea, quando ocorre uma série de mudanças no útero para abrigar os espermatozoides. Porém, quando não há gestação, quando o animal não foi fecundado, essas alterações levam ao acúmulo de secreções no útero, que fica sem defesa e, portanto, muito mais suscetível a infecções.

Os sintomas que a piometra provocam são: perda de apetite, prostração, febre, emagrecimento, maior ingestão de água, desidratação, vômito e diarreia, distensão abdominal e secreção vaginal.

A única forma de prevenir a piometra é a castração precoce, pois assim as fêmeas não sofrem mais as influências do seu ciclo reprodutivo. A castração, quer seja antes ou logo após o primeiro cio, é a melhor forma de prevenção não só desta, mas de várias outras doenças que acometem cadelas e gatas, e com isso, aumenta a expectativa de vida do pet.

Será que está dando para entender por que eu disse que castrar o seu animalzinho significa um ato de humanidade? Porque castrá-lo significa zelar por sua saúde e bem-estar, não deixar que ele sofra, que fique doente, estressado ou, ainda pior, que morra. Isso é humanidade.

E vamos combinar que a castração traz ainda uma série de outros benefícios. Entre eles, o de não deixar que mais animaizinhos venham para este mundo sem ter um lar que os acolha. Você já reparou na quantidade de animais de rua que existe no seu bairro ou na sua cidade? Quantas ONGs trabalham no vermelho para poder dar uma vida melhor para esses bichinhos? A castração pode resolver boa parte desse problema.

Então, nada de ficar com crendices ou com dó do animalzinho que vai castrar porque ele vai ganhar muito mais qualidade de vida e, diga-se de passagem, uma vida mais longa também, que é tudo o que a gente quer. Não é não?

Veterinário carrega animal após cirurgia de castração pelo programa Meu Pet Feliz. Foto / Adenir Britto/PMSJC

Castração gratuita em SJC

Em São José dos Campos, desde o ano passado, a Prefeitura, por meio do Centro de Zoonose e Bem-estar Animal, conta com uma Unidade Móvel Veterinária –conhecida como Castramóvel– que percorre as regiões da cidade realizando, de forma gratuita, cirurgias de castração de cães e gatos.

Para todas as informações sobre o programa Meu Pet Feliz, e como podem ser feitas as inscrições para castrar gratuitamente o seu animal de estimação, entre nesse link: www.sjc.sp.gov.br/meupetfeliz.

Castramóvel de São José dos Campos. Foto / Adenir Britto/PMSJC

Com o Castramóvel, a Prefeitura espera atender as regiões mais distantes da cidade e, além de oferecer a castração gratuita, também orienta sobre a posse responsável do animal, algo muito importante nos dias de hoje.

Segundo Mazé Zarur, coordenadora do Bem-estar Animal, desde o início do programa Meu Pet Feliz, em 2018, foram castrados 11.500 animais, sendo que mais de 1.700 pelo Castramóvel. E se não fosse a pandemia esse número teria sido bem maior. As regiões sudeste e leste serão as próximas contempladas com o Castramóvel. Fique de olho e faça a inscrição de seu pet. Lembre-se que castrar é um ato de humanidade.

A HISTÓRIA DO KUSTELINHA – Kustelinha é um cão de rua que ficou famoso por ter roubado um livro em Novo Hamburgo (RS) e ganhou lar e castração. Ele vivia nas imediações da Universidade de Feevale. Entrou na biblioteca do campus e abocanhou um livro na prateleira. O nome do livro? “Dias de Abandono”, de Elena Ferrante, que trata exatamente sobre a condição dos animais de rua. Foi pego em flagrante na saída da biblioteca e, depois da repercussão do vídeo, acabou sendo adotado. Legal, né? Foto / Facebook/Reprodução

 

> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.