Heidi: a cara daquela tia-avó solteirona e rabugenta. Foto / Instagram/Reprodução

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Sou daquelas pessoas que fazem parte de alguns grupos no Facebook que postam coisas fofas de animais e sigo outro tanto de pessoas envolvidas com a causa, ou os próprios animais, no Instagram. Na maioria das vezes uso esse recurso como válvula de escape dessa vida doida, repleta de notícias ruins, e também para me inspirar a escrever, já que não é fácil abastecer semanalmente uma coluna falando sobre pets.

Mas tem um grupo no Facebook chamado “Heidi e seus amigos” que faço questão de seguir mais de perto. Talvez seja por conta da história da pessoa que o criou, da sua cachorra, uma pitbull completamente fora dos padrões, ou porque todo mundo que faz parte do grupo se respeita, o que é bem difícil hoje em dia.

Expulsa de um outro grupo porque falou algumas verdades –comigo aconteceu o mesmo–, a carioca Natália Martins resolveu criar seu próprio grupo, que leva o nome da sua cachorra, a Heidi, que aliás, se lê ráidi, como a Natália faz questão de lembrar. Não demorou muito para o grupo passar dos 20 mil membros, talvez pela forma tranquila com que o administram, pedindo apenas para que seus integrantes usem e abusem do bom senso em suas postagens e comentários, o que vem dando muito certo.

As várias faces de Heidi. Fotos / Instagram/Reprodução

Nossa beluga

Mas eu não vim aqui só pra falar do grupo ou de quem o criou, vim falar da Heidi, uma cachorra com cara de tia-avó, pra mim a mais fotogênica do mundo, capaz de fazer as caras mais engraçadas, capaz de alegrar o dia de qualquer pessoa.

Para começar, Heidi não é qualquer pitbull, de jeito nenhum. No lugar daquela massa muscular que define o corpo de um pitbull, Heidi tem banhas saltando para todos os lados, o que a deixa com uma grande “buzanfa”, sovacos gordos e uma papada exuberante.

Aquele olhar misterioso que alguns pitbulls têm, no caso da Heidi, esquece… seu olhar é pura meiguice e o máximo que ela consegue fazer quando está brava é franzir a testa, olhar pra baixo e ficar com a papada enrugada, o que nos remete àquela tia-avó solteirona e rabugenta.

Heidi e Natália, e Heidi e seu irmão frango tirando um soninho. Fotos / Instagram/Reprodução

E se alguns cachorros adoram correr atrás de passarinhos, inclusive lanchando os pobrezinhos, Heidi, ao contrário, foi criada com calopsitas –chamadas por Natália de frangos com blush– e por isso mesmo, morre de amor pelas aves, quer cuidar de todas.

Heidi é gorda, muito gorda, e a Natália já procurou saber o porquê dela ser assim, tão gostosa. Mas os exames não encontraram nada de errado com a nossa beluga (como é chamada no grupo), mesmo assim Natália não descuida de sua alimentação. Aliás, quero aqui abrir um parêntese para dizer que, quando uma pessoa quer ter um animal e dar do bom e do melhor pra ele, não há nada no mundo que a impeça de fazer isso.

Natália ficou desempregada por um bom tempo e sempre falava de suas dificuldades financeiras no grupo, mas sempre com bom humor. Algumas pessoas até se propuseram a ajudá-la, mas ela nunca aceitou nada de ninguém, foi mesmo é atrás de um emprego.

Hoje trabalha num supermercado e seu salário vai quase todo para cuidar da Heidi e de seus irmãos frangos. Eu, que sempre acompanhei o grupo, acabei também acompanhando essa história da Natália, que me surpreendeu positivamente, porque ela deixava claro que não criou o grupo para receber qualquer ajuda, mas para que as pessoas tivessem um espaço onde postar fotos e falar de seus bichos de estimação.

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Rolando na oferenda

Fechando esse parêntese, volto a falar da Heidi, que já fez a Natália passar muita vergonha em seus passeios. Por morarem próximo de um campo aberto, mas onde são feitos muitos “trabalhos” religiosos com oferendas de comida, bebida e outras coisas, Heidi não perde a oportunidade de rolar por cima de todos os que encontra pelo caminho, com a cara mais feliz do mundo. Quando a Natália observa que a Heidi está se esfregando no chão e toda feliz, pode correr porque ela deve ter encontrado alguma oferenda. Vergonha passada no crédito, como diriam os seguidores da Heidi.

Heidi, com seu corpinho esbelto e feliz, rolando em cima da oferenda. Foto / Instagram/Reprodução

Mas não tem como ficar brava com essa pitbull que é pura fofura. As pessoas do grupo amam a Heidi como se a conhecessem pessoalmente. Os comentários são os mais melosos e carinhosos possíveis todas as vezes que a Natália posta alguma coisa dela. E quando inventa de colocar roupas e acessórios na cachorra, ou colocar o seu irmão frango para dormir com ela, aí é que todo mundo morre de amores.

Só tenho mais uma coisa a dizer: se eu fosse empresária do ramo de roupas, acessórios, produtos para pets, informática, qualquer coisa, certeza que usaria a Heidi como minha garota-propaganda, porque ela é simplesmente ótima. Confere as várias fotos que coloquei aqui e fala a verdade se essa “garota” não tem futuro? Estou aqui imaginando a Heidi olhando pra mim e dizendo: Obrigada, amadhaaaa!!!

Adote

 

> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.

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