No limite: sindicato tenta derrubar liminar e iniciar paralisação nesta quinta-feira. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

A Prefeitura de São José dos Campos levou o assunto em banho-maria, empurrou a negociação com a barriga e apostou que o sindicato desistiria pelo cansaço, como tem ocorrido nos últimos anos. Mas desta vez parece que o movimento dos servidores municipais está ganhando força e será inevitável uma negociação mais séria.

Esse barulho acontece em um momento em que a Prefeitura –leia-se o prefeito Felicio Ramuth (PSD) e seus apoiadores políticos– sonhava com silêncio total, muita paz e uma temporada recheada de boas notícias, pelo menos até as eleições de outubro.

Na Justiça

Contrariando toda essa expectativa, a questão salarial dos servidores acabou chegando inesperadamente à Justiça. Na terça-feira (8), o desembargador Guilherme Strenger, do Tribunal de Justiça de São Paulo, concedeu liminar em ação movida pela Prefeitura para impedir a deflagração de uma greve dos servidores a partir desta quinta-feira (10).

A Prefeitura alegou que a greve iria provocar “sérios prejuízos à população usuária dos serviços públicos” e alertou que o sindicato sequer informou se iria manter um número mínimo de servidores nas atividades essenciais.

O magistrado aceitou o argumento e concedeu a liminar, impondo multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento por parte do sindicato. Na próxima sexta-feira (11), às 14h, será realizada audiência de conciliação sobre o caso.

O Sindicato dos Servidores Municipais (Sindserv) sentiu que o clima é positivo para pisar no acelerador e garantiu, também na terça-feira, que a paralisação de quinta está mantida. Enquanto isso, prometeu recorrer à Justiça para derrubar a liminar.

Perdas acumuladas

O sindicato reclama de perdas acentuadas nos salários do funcionalismo de São José. Segundo a entidade, o último reajuste da categoria ocorreu no final de 2018 e a perda salarial se aproxima de 20%. Por isso, reivindica ao menos a reposição dessa perda, alegando que a categoria está sem aumento real há 20 anos.

A Prefeitura preferiu defender-se usando o decreto do presidente Bolsonaro que proibiu reajustes salariais durante a pandemia. Devido ao aumento da inflação no país, já se acumularam três gatilhos salariais de 5% não concedidos. O sindicato exige que o período de congelamento provocado pelo decreto seja considerado para o pagamento dos gatilhos atrasados.

Segundo o sindicato, estão marcados dois atos na quinta-feira, em frente aos prédios da Prefeitura e da Câmara Municipal.

Base rejeita

Ao que parece, as questões entre Prefeitura e servidores terão que ser resolvidas mesmo na Justiça, pois no âmbito político existe pouco diálogo e também pouca transparência. Além da política salarial, está na ordem do dia a discussão da nova reforma na previdência dos servidores enviada pelo Executivo para discussão na Câmara.

No Legislativo, a base de apoio ao prefeito Felicio tem cumprido rigorosamente o “combinado” e jogado fora os pedidos de informações sobre a proposta. A recusa mais recente ocorreu na sessão de terça-feira (8), com a rejeição de três requerimentos da oposição sobre o assunto.

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PONTO A PONTO

Felicio: vaia como convidado do Governo Federal. Foto / Adenir Britto/PMSJC

Ainda a vaia

O assunto já está meio requentado, mas não há como deixar de considerar certas questões sobre o episódio da última sexta-feira (4), em que o prefeito Felicio Ramuth recebeu uma vaia monumental durante solenidade pública sobre a nova concessão da rodovia Presidente Dutra, com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Primeira questão. Alguns tentaram generalizar, alegando que o motivo da vaia foi a mudança de partido do prefeito e de parte do seu antigo grupo. Ou, pior, que seria um “julgamento” ao seu governo. Bobagem. Vaiaram porque foram lá em função de uma só pessoa, Bolsonaro, o “mito” que eles escolheram para cultuar. Para eles, o restante era inimigo.

Segunda questão. Felicio não foi vaiado em uma solenidade da qual era anfitrião. Na realidade, o verdadeiro anfitrião foi Bolsonaro, já que a solenidade era de responsabilidade do Governo Federal. Felicio estava, no máximo, como governante da cidade anfitriã, mas, no local, era apenas um convidado. Quem deveria tentar manter o nível no ambiente era o anfitrião, o Governo Federal.

Terceira questão. Quando ficou mais ou menos claro que poderiam surgir imprevistos, houve quem quisesse amenizar dizendo que era uma solenidade oficial do Governo Federal. Mas não foi essa a impressão que deixaram as convocações feitas nas redes sociais por pretendentes a seguir no vácuo de Bolsonaro nas próximas eleições. Até convocação para “carreata e motociata” foi feita. Veja no banner abaixo.

Conclusão. Estamos em pleno período eleitoral –oficialmente ainda é pré-eleitoral– e os pré-candidatos devem ficar espertos. Até uma simples ida à padaria para comprar o leite e o pão de cada dia deve ser avaliada por um “staff” altamente profissional.

Solenidade oficial com carreata e motociata? Foto / Facebook/Reprodução

Do ‘ninho’ ao socialismo (1)

Ufa!! “Habemus partidus” para o ex-governador Geraldo Alckmin. Ele se reuniu com a cúpula do PSB e acertou a ida para a agremiação, pela qual deverá disputar a eleição de outubro como vice de Lula (PT).

Você leu corretamente: Partido Socialista Brasileiro, sigla PSB, é o novo pouso do ex-tucano. Ou seja, sai de um partido em que era considerado à direita da maioria de centro ou até de centro-esquerda –nos bons tempos– e pousa em outro com “socialista” no nome.

Mas que ninguém se espante demais. Basta analisar todos os nomes de partidos e comparar com a atuação deles. Poucos, na prática, têm a ver com o nome que ostentam.

Alckmin prometeu levar até dez companheiros com ele para a nova legenda, a maioria candidatos a deputado federal por vários estados do país.

Alckmin: socialista? Foto / psdb.org.br/Reprodução

Do ‘ninho’ ao socialismo (2)

Uma coisa é querer, outra bem diferente é poder. A vida de Alckmin na chapa com o petista Lula promete não ser fácil. Como se sabe, as alas mais radicais do PT deixam claro que não pretendem “engolir” o ex-tucano sobrevoando e aterrissando nos seus campos vermelhos. O Psol foi além, ao comentar o evento de filiação do ex-governador ao PSB, previsto para o final do mês: “Seria descabido a gente comparecer. Ele não é um aliado do Psol. Temos ótima relação com o PSB, não com o Alckmin”, disse o presidente do partido, Juliano Medeiros, à “Folha de S.Paulo” na terça-feira (8).

Morador novo

A partir do dia 31 deste mês, São José dos Campos vai ganhar um novo morador. É o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que deixará o cargo para mergulhar de cabeça na pré-candidatura a governador de São Paulo.  A escolha se deveu ao fato de Tarcísio ter uma irmã que mora há mais de 20 anos na cidade.

Acredite se quiser. Com a chegada do nome apoiado pelo presidente Bolsonaro, São José poderá ter dois “representantes” na campanha pela sucessão de João Doria (PSDB) na eleição de outubro.

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GESTÃO

Centro vira ‘canteiro’ (1)

Desculpe quem achar que a gente só pensa “naquiiilo”, mas esta é uma coluna de política. De gestão também, mas gestão pública, onde a política é insumo de primeira necessidade. Daí a constatação de que a época em que o prefeito Felicio Ramuth lançou o programa Urbaniza Centro caiu como uma luva no calendário eleitoral previsto por ele.

Pelo menos até novembro –sempre atrasa um pouco–, as obras previstas irão transformar o miolinho do centro tradicional da cidade em um grande “canteiro de obras”, como se dizia antigamente. É claro que isto tem efeito eleitoral nos milhares de pessoas que passam todos os dias por esses locais.

A primeira fase da obra da rua XV de Novembro, no trecho entre a Sebastião Hummel e a praça padre João Guimarães, está em ritmo acelerado. E ainda tem a revitalização da própria praça, que está cercada por tapumes, mas exibe grandes murais fixados neles para mostrar como será o novo espaço.

O Urbaniza Centro promete “transformar a região central com nova iluminação, revitalização das calçadas e novo urbanismo”, diz a Prefeitura.

Dois lados da moeda: obra em andamento e explicações aos comerciantes. Foto / Claudio Vieira/PMSJC

Centro vira ‘canteiro’ (2)

Como é impossível fazer omelete sem quebrar ovos, é claro que o comércio da rua XV está reclamando do impacto da obra nas vendas. Nesta quarta-feira (9), técnicos da Prefeitura foram até o auditório da ACI (Associação Comercial e Industrial) para ouvir as queixas.

A equipe da Prefeitura apresentou as etapas do projeto e o cronograma da obra. Também criou um canal direto de comunicação com os comerciantes, disponível 24 horas. Segundo a Prefeitura, os comerciantes ouvidos aprovaram o projeto, mas fizeram sugestões relacionadas às vagas de estacionamento, que serão analisadas pelas secretarias de Mobilidade Urbana (SMU) e Gestão Habitacional e Obras (SGHO).

A bola vai rolar

Neste sábado (12), a partir das 19h, finalmente a Arena de Esportes vai receber sua primeira partida oficial. Será São José x Corinthians, pelo Campeonato Paulista de futsal masculino. O jogo será o encerramento de uma extensa programação que terá início às 8h, com entrada gratuita.

A programação foi feita em parceria entre a Prefeitura de São José dos Campos e a Farma Conde, concessionária da arena pelos próximos 20 anos, prorrogáveis por mais 10.

Além de receber competições esportivas, a Farma Conde Arena pode ser usada como espaço multiuso para eventos culturais e sociais. Pelo contrato de concessão, ao menos dois dias da semana (terça e quarta-feira) deverão ser reservados para atividades das equipes que representam a cidade.

A inauguração oficial será feita às 10h com a presença do prefeito Felicio Ramuth. A arena fica na rua Winston Churchill, 230 – Jardim das Indústrias.

Portas abertas: a Farma Conde Arena recebe a primeira partida neste sábado. Foto / Claudio Vieira/PMSJC
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NA CÂMARA

Repúdio ao ‘Mamãe Falei’

É claro que o assunto iria chegar lá. Na sessão de terça-feira (8), a Câmara aprovou por unanimidade moção de repúdio contra o deputado estadual Arthur do Val (Podemos), conhecido por “Mamãe Falei”, pelo “conteúdo desrespeitoso às mulheres ucranianas” vazado nas redes sociais.

O autor da moção foi o vereador Dr. José Claudio (PSDB). Mas o seu colega Thomaz Henrique (Novo), que surgiu para a política no mesmo MBL (Movimento Brasil Livre) que Arthur do Val, fez questão de assinar como uma espécie de coautor da moção.

Dr. José Claudio: repúdio. Foto / Flávio Pereira/CMSJC

E as federações?

O fato novo das eleições deste ano é a possibilidade de criação de federações partidárias reunindo dois ou mais partidos. Funciona assim: os partidos que se juntarem em uma federação terão que seguir juntos pelo menos pelos quatro anos seguintes.

Para explicar melhor o que são as federações, as vereadoras Amélia Naomi (PT), Dulce Rita (PSDB) e Juliana Fraga (PT) tomaram a iniciativa de convidar a advogada Gabriela Shizue Soares de Araújo para proferir a palestra “Os impactos das federações sobre as candidaturas proporcionais, regionais e de mulheres”, na próxima terça-feira (15), às 17h, durante a sessão de Câmara.

O evento também servirá de comemoração pelo Dia Internacional da Mulher.

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TOQUE FINAL

Google / Reprodução
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> Arquivo atualizado às 22h08 do dia 9/3/2022 para revisão ortográfica e de estilo e inclusão de banner sobre o evento de concessão da rodovia Presidente Dutra.