Prefeito Felicio Ramuth anuncia as mudanças com o vice Anderson Farias (esq.) e o secretário de Mobilidade Urbana Paulo Guimarães (dir.). Foto / Claudio Vieira/PMSJC

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Prefeitura ressalta modelo inovador, mas anuncia que será necessário subsidiar o sistema com dinheiro público

 

DA REDAÇÃO

A Prefeitura de São José dos Campos pretende dar uma guinada no modelo do transporte coletivo do município através de uma gestão municipalizada e da adoção de frota 100% elétrica na área urbana. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira pelo prefeito Felicio Ramuth (PSD).

O novo modelo apresenta alterações em relação à licitação realizada no ano passado, que acabou frustrada pela incapacidade de as empresas vencedoras cumprirem os contratos. As duas empresas, pertencentes ao Grupo Itapemirim tiveram os contratos rescindidos.

Segundo a Prefeitura, a frota urbana será composta por até 437 ônibus novos 100% elétricos, com ar condicionado e carregador USB para os passageiros. Os novos ônibus serão alugados. A frota será completada com os doze VLPs (veículos leves sobre pneus) articulados que irão operar na Linha Verde e ônibus convencionais para servir às linhas que trafegam na zona rural.

Urbam administra

Outra mudança anunciada é a entrada da Urbam (Urbanizadora Municipal) como gestora do sistema. Com isto, o transporte coletivo de São José caminha para a municipalização. Caberá à empresa de economia mista a gestão do contrato de locação, os serviços de manutenção preventiva e corretiva dos veículos e o sistema de carregamento e geração de energia.

Uma ou mais empresas serão contratadas por licitação para fornecer os funcionários que irão operar os ônibus. A contratação será feita pelo período de dez anos. Também caberá à Urbam a gestão financeira e a comercialização dos bilhetes de todo o sistema.

Segundo o anúncio desta quinta-feira, o edital para locação dos veículos foi publicado pela Urbam na última sexta-feira (25). Os envelopes com as propostas serão abertos no dia 29 de março. O prefeito Felicio Ramuth previu que o novo sistema estará em operação até o mês de outubro, quando termina a prorrogação do prazo das atuais empresas que operam o transporte coletivo no município.

A Prefeitura adiantou que a tarifa do novo sistema será subsidiada, ou seja, receberá recursos da arrecadação municipal com o objetivo de manter um valor mais acessível para o usuário. A partir da tarifa técnica resultante de todos os custos do sistema, a Administração pretende aplicar a tarifa pública, com a adoção de subsídio, que será o preço pago pela população.

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Modelo inovador

O prefeito Felicio Ramuth ressaltou que, com o novo sistema em operação, “São José dos Campos mais uma vez sai na frente e será a primeira cidade do Brasil a ter o transporte coletivo urbano 100% elétrico”.

Na entrevista após a anúncio do novo modelo, o prefeito não admitiu que ele represente uma municipalização do transporte coletivo, destacando que o que a Prefeitura está fazendo é manter o modelo inovador no setor. “Do limão, fizemos uma limonada”, comentou Felicio em suas redes sociais logo depois da solenidade, referindo-se ao fracasso da licitação que terminou com a rescisão contratual das duas empresas vencedoras.

Prós e contras

Ex-secretário de Transportes da Prefeitura de São José, o presidente municipal do PT, Wagner Balieiro, analisou o anúncio desta quinta-feira e disse que “o modelo anunciado é completamente diferente daquele que foi apresentado nas audiências públicas”.

Balieiro também criticou o fato de a Prefeitura ter contratado uma empresa ligada à Fundação Getúlio Vargas por mais de R$ 3 milhões, com dispensa de licitação, com a função de realizar estudos para o sistema de transporte coletivo do município. “Com essas mudanças, o estudo foi para o buraco, foi dinheiro público jogado fora”, disse.

O ex-secretário encontrou pontos positivos no novo modelo. “Concordo com o poder público ter maior influência no transporte e também com a lógica da implantação dos ônibus elétricos”, afirmou. Porém, alertou que a Prefeitura não explicou como será a política tarifária e o modelo da operação. “Qual será o tamanho do subsídio? Quem paga a gratuidade no sistema? Nada disso foi revelado até agora”, questionou Balieiro.

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