Parecia ser uma reunião de rotina do PSD de São José dos Campos, o partido para onde migraram o ex-prefeito Felicio Ramuth e o atual Anderson Farias, mais uma galera, a maioria vinda do PSDB. Mas o encontro da noite de segunda-feira (30) foi surpreendente: o partido lançou a candidatura a deputado federal do médico Ricardo Nakagawa, vice-prefeito no primeiro mandato de Felicio.
Até aí, tudo bem. Mas alguém –ou todos– se esqueceu de avisar o ex-deputado federal Flavinho, que deixou o PSC para filiar-se ao PSD e tentar voltar à Câmara dos Deputados. No início da tarde de terça-feira (31), ele disse ao SuperBairro que foi surpreendido com o surgimento de mais um candidato a deputado federal pelo partido em São José.
“Para mim foi uma surpresa o anúncio feito por eles, não o conheço [Ricardo Nakagawa], não sei qual é o nicho em que ele atua”, disse Flavinho, que é pregador, cantor e compositor ligado à Igreja Católica, especialmente à comunidade Canção Nova, que possui sede em Cachoeira Paulista, na RMVale.
Também na tarde da terça-feira, Ricardo Nakagawa foi procurado pelo SuperBairro, mas não atendeu à série de ligações telefônicas, apesar de ter confirmado a candidatura a um intermediador do contato e dito que atenderia à solicitação de entrevista.
O prefeito Anderson Farias, que comanda o PSD local, foi procurado desde o início da tarde, mas não foi possível ter o seu depoimento sobre a decisão do partido.
Com o lançamento de mais um nome, o PSD passará a ter dois candidatos a deputado federal em São José: Flavinho e Ricardo Nakagawa. Talvez o maior beneficiado com esta dose dupla seja o candidato a deputado estadual Juvenil Silvério, que terá duas dobradinhas na cidade e região.
Ex-vice está de volta
Ricardo Nakagawa é médico e foi um dos proprietários do Grupo São José Saúde, vendido recentemente ao grupo nordestino Hapvida. Novato na política, ele se filiou ao MDB e disputou a eleição municipal de 2016 como vice na chapa de Felicio Ramuth. Com a vitória nas urnas, teve influência na indicação do secretário de Saúde, o também médico Oswaldo Huruta.
Após a reeleição de Felicio em 2020, sem sua participação na linha de frente, Nakagawa afastou-se da política, até que, em abril desde ano, transferiu-se do MDB para o PSD.
Flavinho chegou antes
Também com carreira recente na política, Flavinho foi eleito deputado federal em 2014 pelo PSB, com mais de 90 mil votos. Em 2018, transferiu-se para o PSC, mas desistiu de concorrer à reeleição alegando motivos familiares.
Agora novamente candidato, Flavinho diz que chegou ao PSD em janeiro de 2021 pelas mãos do presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, e a convite do vereador joseense Zé Luís, também ligado à comunidade católica.
Apesar de surpreso com o lançamento de mais um candidato a deputado federal pelo mesmo partido em São José, pois diz que não foi informado, Flavinho garante: “Para mim não muda nada, tenho um nicho definido e capital político, minha candidatura está muito bem-posta”.
Flavinho também ressalta sua atuação por São José como deputado. “Na época, fui o deputado que trouxe mais recursos para a saúde do município, através de emendas parlamentares. Também consegui recursos para a segurança pública, para o novo prédio do Copom [da Polícia Militar]”, relata o ex-deputado. “Trouxe verbas para os Cras [Centros de Referência de Assistência Social] de toda a região”, completa.
“Assumi um compromisso com o Felicio, o Juvenil e o Anderson e eles são os meus candidatos, minha palavra vai ser mantida”, finalizou.
O vereador Zé Luís minimizou o episódio e disse que a candidatura de Ricardo Nakagawa pode ter partido de uma consulta do grupo que veio do PSDB à Executiva estadual sobre a possibilidade do lançamento de mais um candidato.
“Não vejo problema, vamos ter uma boa convivência e acho que será bom para a candidatura do Felicio”, prevê. Zé Luís confirmou o acerto anterior com Flavinho para ser o candidato do partido.
PONTO A PONTO
Não vai ter show?
Começou. Depois de mais de dois anos ensaiando e gerando expectativa sobre a temporada de grandes “shows” marcada para o segundo semestre deste ano, os dois principais artistas ameaçam não atuar. O presidente Jair Bolsonaro (PL), praticamente descartou, na terça-feira (31), sua participação em debates no primeiro turno das eleições presidenciais de outubro. Alegou receio de se tornar o alvo de todos os demais candidatos.
Se o segundo nas pesquisas não quer ir aos debates, imagine o atual líder, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)? Se seguir a tendência dos marqueteiros modernos, também fica de fora para não se arriscar a perder votos.
A pergunta é: vale a pena promover debates no primeiro turno sem Lula e Bolsonaro? É mais ou menos igual a deixar de assistir a um Palmeiras x Flamengo na série A do Brasileirão e ter que sintonizar no campeonato da série B ou C.
Quem perde com isso é o eleitor. Os debates deveriam ser marcados pelo TSE: faltou, está fora.
Patrícia e os trans
Ex-atleta com passagem pela seleção brasileira de vôlei, a pré-candidata a deputada federal pelo PL de São José, Patricia Borges, encontrou uma “bandeira” de campanha que pode ter alcance nacional: a presença de atletas trans no esporte feminino.
Ela defende a proteção do esporte, principalmente o feminino, com a criação de uma divisão para atletas trans. Assim, segundo Patricia, “as mulheres trans competirão entre elas e os homens trans competirão entre eles”.
Esse assunto ainda vai render muito pano pra manga.
Entrou no jogo
O ano de 2022 começou bem para Henrique Veneziani. Depois de gravitar por algum tempo tentando um caminho para entrar na política local, ele começou o ano assumindo o comando do Podemos em São José. O passo seguinte foi levar para o partido nomes conhecidos, entre eles os ex-vereadores Flávia Camargo e Jairo Santos.
Agora em maio, Henrique deu um novo salto ao assumir a Diretoria Regional de Esportes do governo de São Paulo. Depois de um encontro com o secretário Thiago Milhim, no dia 15, cinco dias depois ele estava na reunião do Conselho de Desenvolvimento da RMVale fazendo contatos com prefeitos da região.
Mais um na urna
Na próxima quinta-feira (2), São José ganha mais um pré-candidato a deputado estadual. Trata-se do ex-vereador Valdir Alvarenga, que irá se lançar pelo Solidariedade, partido do qual é presidente municipal. Mostrando força, Valdir informa que o evento vai contar com a presença de ninguém menos que o presidente nacional do partido, Paulinho da Força.
O lançamento está marcado para as 17h na sede do Solidariedade (rua Conselheiro Rodrigues Alves, 281 – Centro).
RAPIDINHAS…
> O ex-prefeito Carlinhos Almeida (PT) conseguiu se livrar de uma multa de R$ 6.300 aplicada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Carlinhos apresentou recurso contra a decisão e o recurso foi acolhido. O caso era de 2015, sobre uma prestação de contas do Instituto de Ação Social Amigos da Cidade, julgada irregular pelo TCE.
> O deputado federal Eduardo Cury (PSDB) divulgou seu voto favorável ao projeto que reduz a carga de ICMS sobre os combustíveis e as contas de luz. Disse que, quando foi eleito, assumiu o compromisso de votar contra todos os projetos que aumentassem impostos, além de trabalhar pela redução dos que já existem.
MANDOU MAL
Que o vereador Thomaz Henrique (Novo) e o sindicato dos servidores municipais não se entendem muito bem, não é novidade. Mas ninguém esperava por esta postagem do novista –é assim que se diz?– nas redes sociais.
Ao informar que o Sindserv-SJC recebeu multa de R$ 100 mil do Tribunal de Justiça do Estado (TJ) por descumprir a proibição e realizar movimento de paralisação em dois dias do mês de março, Thomaz foi além da manifestação política. A foto com um riso debochado que ilustra a postagem significa uma atitude: escárnio. Que é sinônimo de gozação, menosprezo, sarcasmo.
O vereador se esqueceu de ser magnânimo na vitória. Se é que venceu alguma coisa.
Mandou mal.
NA CÂMARA
Cidadão pode opinar sobre LDO
A Câmara de São José dos Campos colocou à disposição da população um formulário online para sugestões sobre como a Prefeitura poderá empregar os R$ 3,77 bilhões de arrecadação prevista para o ano de 2023. As prioridades de investimentos do município devem fazer parte da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que por sua vez orienta a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA).
O projeto de lei 107/22, que contém a LDO, está na Câmara e deverá ser votado no início do segundo semestre. As sugestões devem ser enviadas até o dia 15 de junho.
Outra forma de participação do cidadão é a audiência pública que a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento do Legislativo irá realizar no dia 13 de junho, às 18h. Quem quiser opinar poderá se inscrever no dia da audiência.
Segundo a Câmara, todas as sugestões apresentadas por formulário ou durante a audiência serão analisadas pelos vereadores que integram a comissão e poderão se transformar em emendas ao projeto.
Contas “no azul”
As contas da Prefeitura de São José dos Campos ficaram “no azul” nos primeiros quatro meses deste ano. A informação foi prestada na audiência pública realizada pela Câmara Municipal na quarta-feira (27). De janeiro a abril, o Executivo arrecadou R$ 1,3 bilhão e gastou R$ 1,07 bilhão, registrando uma sobra no cofre de R$ 344 milhões.
Os números foram apresentados pelo secretário de Gestão Administrativa e Finanças, Odilson Braz Júnior. Ele explicou que o superávit deverá cair ao longo do ano porque a Prefeitura trabalha com um planejamento que visa manter o equilíbrio orçamentário.
O vereador Júnior da Farmácia (PSL), membro da Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, que acompanhou a audiência, disse que o balanço da arrecadação sinaliza uma recuperação econômica do município após a pandemia de covid-19.
Muito barulho por nada
Na sessão da última quinta-feira (28), um projeto bastante polêmico, que deveria ter sido votado, acabou adiado por uma sessão. De autoria dos vereadores Dr. Elton (PSC) e Thomaz Henrique (Novo), o projeto de lei 44/2021 autoriza o Poder Executivo a instituir no município a educação domiciliar, também conhecida como “homeschooling”.
A votação deverá ser bastante dividida, se ocorrer. O projeto foi protocolado em 20 de janeiro do ano passado e, desde então, passou por adiamentos e retiradas da pauta até retornar agora.
Na justificativa assinada pelo Dr. Elton, ele defende a regulamentação da educação domiciliar dizendo que práticas similares vêm sendo desenvolvidas em diversos países. “A sua aplicação tem apresentado resultados favoráveis na Alemanha, Inglaterra, Espanha e França. Ignorar a experiência, seja por preconceito ou em decorrência de algum dispositivo legal específico, é manter-se fora do universo das novas tecnologias e da nova pedagogia”, diz o vereador.
Um dos votos contrários ao projeto será, certamente, o da vereadora Juliana Fraga (PT), professora e defensora da categoria na Câmara.
Ao final do debate, porém, tudo indica que nada irá mudar, até porque trata-se de uma lei autorizativa. Autorizar a Prefeitura a fazer não significa que a Prefeitura vá fazer.
GESTÃO
Má gestão e sertanejos
Aqui neste espaço se fala em experiências de gestão pública: boas e ruins. E nos últimos dias surgiram exemplos de má gestão em prefeituras pelo Brasil afora, que estão jogando dinheiro público pelo ralo para contratar shows de artistas superconcorridos e, por isso mesmo, supercaros.
O exemplo mais gritante foi o da minúscula cidade mineira de Conceição do Mato Dentro, com apenas 17 mil e poucos moradores, onde o prefeito resolveu contratar o tal Gusttavo Lima para fazer um show por um cachê de R$ 1 milhão e 200 mil reais. Isto mesmo que você leu. Isto quer dizer que, dividido o cachê para cada habitante, adulto, idoso, criança, bebê, é como se cada um pagasse R$ 70,58 por um ingresso para o show.
Não satisfeito, o prefeito fechou um pacote com cerca de 16 shows de outros artistas. No total, a brincadeira fica em mais de R$ 3 milhões. Assustada com as críticas, a Prefeitura anunciou o cancelamento do show de Gusttavo Lima, mas o contrato assinado garante ao sertanejo, em caso de rescisão, uma multa de 50%, ou seja, fica com R$ 600 mil sem sequer tirar a viola do saco.
O que merece um prefeito desses?
Urbam ensina a reciclar
A Urbam (Urbanizadora Municipal) está implantando em prédios e condomínios da cidade o programa “Meu Condomínio Recicla”. Uma equipe da empresa já visitou cerca de 60 condomínios para esclarecer sobre a separação correta de resíduos comuns e recicláveis, além dos eletroeletrônicos e resíduos que devem ser destinados aos PEVs (Pontos de Entrega Voluntária).
De acordo com o programa, os condomínios que atingirem os melhores níveis de separação e destinação correta dos resíduos receberão o Selo Verde, que reconhece os bons resultados em matéria de sustentabilidade e cuidados ambientais.
O programa ensina que os moradores de condomínios devem ter duas lixeiras em casa –para lixo comum e lixo reciclável– e depositar o recolhimento nos contêineres adequados nas cores azul (reciclável) e marrom (lixo comum).
Se você é síndico e deseja uma vista da equipe da Urbam, peça pelo tel. 3944-9434.
TOQUE FINAL
> Texto atualizado às 15h06 do dia 1º/6/22 para revisão ortográfica e de estilo.