Mulher fica incomodada ao ouvir o som dos fogos com estampidos. Foto/Vídeo Rimac Seguros

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

 

Eu já falei sobre este tema aqui, mas depois de assistir a este vídeo extremamente didático sobre como os animais ouvem os fogos de artifício com estampido, que ilustra a coluna –e que gostaria muito que vocês assistissem– achei que deveria retomar o assunto em função das festas de final de ano que estão virando a esquina.

O vídeo (que está em espanhol e foi feito no Peru) começa com uma frase: “Descubra que som te incomoda”. O cenário é composto por uma poltrona, uma cortina ao fundo, uma plantinha em uma mesinha lateral, um fone de ouvido em outra e umas estrelas de Natal penduradas.

A pessoa chega, senta-se na poltrona e então alguém pede para que ela coloque o fone de ouvido que está ao seu lado. No decorrer do vídeo, várias pessoas se sentam naquela poltrona: homens e mulheres –jovens e de mais idade– vão se revezando e atendendo ao pedido para colocarem os fones.

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De repente eles começam a ouvir o som dos fogos de artifício subindo e dos estampidos, que dura algum tempo.  Todas as pessoas demonstram estar incomodadas com o som. Fazem caretas, se encolhem, se contorcem, uma delas até pede para tirar o fone antes dos sons terminarem.

Quando a experiência acaba, vem a pergunta: “O que você sentiu?” E as respostas foram: ansiedade, nervoso, me senti perturbado, foi caótico, meu coração ficou a mil por hora… e uma delas diz que que os estampidos dos fogos de artifício pareciam que iam estourar os seus tímpanos.

Logo após essas declarações entra um cachorro com um envelope vermelho na boca e o entrega para cada uma das pessoas que passaram pela experiência e que ficam sem entender nada. Ao abrirem o envelope tem uma pergunta: “Você quer saber como eu ouço isso?”

Cachorro entregando envelope que explica o experimento. Foto/Vídeo Rimac Seguros

Nesse momento, a cortina ao fundo é descerrada e pode-se ver várias caixas de som, empilhadas e enfileiradas. E aparece uma frase dizendo: “Os animais ouvem até três vezes mais do que nós”.

As pessoas, então, entendem que aquilo que elas ouviram, que causou tanto incomodo, tantas sensações ruins, é ainda três vezes pior para os animais. Algumas delas choram e todas acariciam o animal que veio entregar o envelope.

Participante chora ao saber do estrago que os fogos fazem aos ouvidos dos animais. Foto/Vídeo Rimac Seguros

E outra pergunta é feita para os participantes do experimento. “Agora que você sabe disso, voltaria a usar fogos de artifício com estampidos?” E todos respondem prontamente: “NÃO”.

E você?

Agora que você também já sabe disso, meu amigo leitor, que tal dar um basta nessa história de fogos de artifício com estampidos? Ou você quer fazer o teste? Acho que não há necessidade de passarmos por esse experimento porque, acredite, não é só mais um videozinho bonitinho sobre animais.

Para se ter uma ideia, no começo desse mês, seis cachorros morreram em uma ONG protetora dos animais, em Diamantina, Minas Gerais, por conta dos fogos que foram soltos na comemoração do título do Atlético Mineiro, fora outros cachorros que ficaram muito machucados, tamanho o desespero em fugir do barulho. E aí, será que vale a pena mesmo esse tipo de comemoração?

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Da outra vez que eu abordei esse tema na coluna, algumas pessoas disseram que era exagero, que daqui a pouco seria proibido comemorar, que estava ficando chato esse negócio de politicamente correto. Então eu me perguntei se a morte de animais não era motivo suficiente para não soltar fogos de artifícios e confesso que não consegui me responder. O que então essas pessoas querem ler, ouvir ou ver para não ter essa atitude?

Posso falar aqui das crianças autistas que ficam se debatendo de medo, gritando, chorando; dos idosos com demência que se atrapalham ainda mais com o barulho excessivo; dos doentes nos hospitais, mas se ainda assim a pessoa não se convence, podemos apelar para a denúncia. Sim, porque agora é crime soltar fogos de artifício com estampido. Quem sabe uma boa multa faça com que essa pessoa tenha um pouco mais de empatia pelo ser humano e pelos animais.

Mas e se a pessoa não quer saber de nada disso e quer comemorar, viver a vida, e pronto? Aí realmente, não há mais nada que possa ser feito, infelizmente. Porque quando a ignorância grita, os ouvidos ficam surdos, os olhos ficam cegos e nada do que você fale ou faça fará com que essa pessoa mude de opinião. Sabe aquele ditado: pau que nasce torto, nunca se endireita (que não é do grupo É o Tchan), faz todo sentido para o pau, mas nunca para um ser humano, que pode (e deve) aprender e evoluir todos os dias.

Então, para você que já aboliu os fogos com estampidos da sua vida, meus mais sinceros parabéns. E, por favor, procure mais adeptos dessa não prática. Já para você que não vê qualquer possibilidade de mudança no comportamento, meus sentimentos à sua família.

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Boa notícia!

No final de outubro, nesta coluna sobre pets, falei sobre o absurdo que alguns tutores cometiam tatuando partes do corpo de seu animal de estimação.

Pois bem, agora, em São José dos Campos, está tramitando um projeto de lei (PL 598/21), de autoria do vereador Fernando Petiti (MDB), que proíbe a realização de tatuagem e colocação de piercing em animais domésticos, domesticados e silvestres.

O projeto prevê sanções que vão de advertência, multa e suspensão, até a cassação do alvará do estabelecimento que realiza tais intervenções estéticas em animais, sendo que o profissional e o tutor do animal serão considerados infratores.

Isto sim é uma boa notícia! Vamos acompanhar o desfecho dessa tramitação.

Adote

> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.