Sala com móveis e objetos reciclados e customizados. Foto / Casa e Jardim

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Uma prática que antes podia ser resultado da necessidade de reaproveitamento de materiais e objetos, ou ainda um hobby, virou tendência e moda em quase todo o mundo, e parece que veio para ficar. Companheira do conceito de desenvolvimento sustentável, da preservação da natureza e do clima, a tendência de reaproveitar matéria-prima, antes descartável, como o pet das garrafas plásticas, já está incorporada em vários segmentos como na moda, construção e decoração.

Na decoração, além do reaproveitamento de materiais que por vezes chega à escala industrial, em vários países já se consuma o hábito de restaurar ou customizar móveis e objetos de decoração. Designers, artesãos e artistas se dedicam a esse trabalho que também pode ser executado por qualquer pessoa mais habilidosa.

Na reciclagem de materiais já existem inúmeras aplicações na construção, design de interiores e decoração. Na semana passada o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma reportagem bem interessante sobre um projeto de reciclagem das cascas do sururu, que se encontra às margens da Lagoa do Mundaú, onde a pesca do molusco é uma das atividades mais tradicionais da Comunidade do Vergel, localizada na zona metropolitana de Maceió, Alagoas. Como sobra da extração do molusco, a quantidade de cascas acumulada no local chegava a atingir mais de 300 toneladas/mês. Um volume que a princípio, sem nenhuma utilidade prática, acabava ficando ao ar livre, produzindo poluição e mau cheiro.

As cascas foram transformadas em elementos construtivos vazados, mais conhecidos como cobogós, graças à iniciativa dos designers Marcelo Rosenbaum e Rodrigo Ambrosio. Hoje o projeto funciona como fonte de renda para os moradores e ainda ajudou a combater a degradação ambiental. A segunda foto mostra um ambiente externo com uma divisória construída com os cobogós da Lagoa de Mundaú.

Projeto Cobogó da Mundaú, que deu novo uso às cascas de sururu. Foto / Portobello (publicada no jornal O Estado de S. Paulo)

A restauração, processo de trabalhar um objeto para que retorne o mais próximo possível à sua forma original, é bastante utilizada em obras de arte, pinturas e murais antigos. E para isso existem profissionais, artistas bastante qualificados, que se dedicam exclusivamente à restauração de obras de arte.

Mas processos mais simples de restauração, como consertar um móvel antigo e recuperar estofados, podem ser efetuados por artesãos ou por pessoas que se dedicam à atividade como hobby. Além de recuperar peças elas fazem a repaginação (ou customização) com tintas, vernizes e tecidos para dar nova vida e estilo aos objetos de decoração. Alguns estilos que são tendência na atualidade, como o vintage e o boho, fazem muito uso de objetos e móveis repaginados. A foto da sala azul acima é um bom exemplo de decoração com móveis e objetos restaurados, reciclados e customizados.

Antigo armário de cabeceira restaurado e customizado. Foto / Fabíola de Oliveira
Poltroninha restaurada e customizada. Foto / Fabíola de Oliveira

Em São José dos Campos existem alguns profissionais e artesãos que se dedicam ao ofício de restaurar e repaginar móveis e objetos. Embora não seja necessário ter formação em área artística ou de design, é importante ter experiência e prática, conhecimentos básicos de técnicas de restauração, sobretudo de madeira, conhecer tintas e saber harmonizar cores em um ambiente.

O importante é saber que quase sempre você pode reaproveitar um móvel antigo que está na família há muito tempo, ou até exercitar a prática do garimpo em lojas de móveis usados, brechós ou feiras de antiguidades (e velharias), e bazares beneficentes. Além de poder contar com peças diferenciadas e únicas em sua morada, estará contribuindo com a reciclagem de materiais que, de outra forma, estariam se acumulando junto à imensa quantidade de lixo que já temos no planeta.

 

> Fabíola de Oliveira é jornalista há 43 anos (MTb nº 11402/65/38/SP) e tem doutorado em jornalismo científico pela USP. Aposentada do INPE, onde era responsável pela área de comunicação, foi depois professora e coordenadora do curso de jornalismo da Univap. Desde a infância é apaixonada por decoração e jardinagem.