Foto / Geralt/Pixabay

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Acordei hoje e resolvi ser feliz. Você passou a vida inteira infeliz? Não exatamente, apressado amigo. Digamos que fui feliz, porém perdido. Nisto estou com o poetinha Vinicius. A felicidade parece uma pluma: ela é breve, sutil e muito frágil. Às vezes invisível, entretanto bela. A felicidade precisa de sopro.

Deixei de ser feliz quando eu poderia, não me recorde, jovem, o meu penar. Não gostei nada, nada, de ter sofrido, mas sofrimento de antes vale pouco. Os dois convivem na boa: prazer e dor, o feliz não desgosta do infeliz. Eles se entrelaçam: humor e estresse, depois da fúria não deixamos de rir.

Não aproveita debater felicidade. Tudo mundo sabe o que é ser feliz, esqueça a filosofia por agora.  O menino conhece a alegria, também a tristeza, posso assegurar; todo adolescente sabe o que é a dor, mesmo tendo visto as primeiras delícias.

O jovem ainda está querendo ser feliz, o velho sabe bem da felicidade, mas se perde por inteiro na sua dor. Mas tem uma regra marota a cumprir: o outro também precisa ser feliz.

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Alerta, resolvi ter felicidade, não a inventei, claro, você verá. Ser feliz não é, veja só, não ter dor, é muito mais complexo, compreenda. Ser feliz tem muito de subjetivo, pode ser simples, mas pode ser fino, não confunda com a sofisticação. É algo de maravilhoso, que flui, sem que percebamos lá no intelecto. O verde, a flor, o mar e o casario, tudo bem olhado com o lado direito.

É espécie de programa positivo, com voluntária dose de fantasia. A pitada indispensável é a luz, é uma estrela que devemos atrair. Chame de Deus, de beleza, o que quiser, depende muito do seu próprio espírito e também do que você guardou lá dentro.

Ser feliz, porém, não é pra todo sempre, pelo menos neste plano mais humilde. Nem tudo vem de uma só vez, acredite: felicidade é gota a gota, meu velho. Não teria graça em não sendo assim. É questão de contraste, se há o bem, o mal será necessário meu amigo.

Todo dia há momento de ser feliz, cabendo algum sofrer aqui e ali. A sabedoria é viver o bem e na dose exata sofrer o mal. Carpe diem, rememore o nosso Horácio, com outro espírito o disse Jesus: o amanhã virá com suas preocupações.

Seja feliz.

 

> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.

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