Relação entre pai e filho é o fio condutor de um filme que costuma emocionar a quem o assiste. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Como traduzir em palavras as emoções guardadas por uma criança ou adolescente? De que modo mensurar a ausência de um pai para seu filho? Quantas ações são vistas sob diferentes ângulos por um e outro, com seus respectivos reflexos ao longo da vida? “The Son” (tradução brasileira: “Um filho”) é um filme que fala da delicadeza dessas relações e sentimentos. Recentemente, saiu das telonas da cidade e agora está disponível apenas para locação em streaming, como a Claro Vídeo.

O alto executivo Peter Miller (Hugh Jackman: “Austrália”, “Logan”, “Os Miseráveis”) é casado com Beth (Vanessa Kirby: “Pieces of a Woman”, “A Sombra de Stalin”, série “The Crown”) e eles têm um bebê. A vida do casal passa por significativa mudança quando o adolescente Nicholas (Zen McGrath: “Marcas do Passado”) –fruto do primeiro casamento com Kate (Laura Dern: “Adoráveis Mulheres”, “História de um Casamento”, “Vingança a Sangue-frio”)– pede para morar com o pai, que vê ali uma oportunidade de reaproximação.

O jovem, calado e emocionalmente confuso, inicia numa nova escola, inventa amigos, tudo para omitir do pai a falta às aulas, repetindo o modelo de quando morava com a mãe, que tenta em vão ajudar o filho. A riqueza do filme reside na complexidade em lidar com as relações, especialmente aquelas mais delicadas, cujas feridas ainda purgam sob o silêncio da dor, tanto de pais como de filhos.

E isso foi trazido à tona com maestria pelo diretor Florian Zeller (que também dirigiu “Meu Pai”, em que o protagonista é Anthony Miller [Anthony Hopkins: “Vestígios do Dia”, “Dois Papas”, “Hannibal”, “Jogada de Mestre” e tantos outros papéis marcantes no cinema], pai de Peter, vivenciando a demolição de sua memória neste filme que recebeu várias estatuetas do Oscar 2021, inclusive o de Melhor Ator e Melhor Filme).

Em paralelo à relação de Nicholas e seu pai, descobrimos que a relação fria de Peter e Anthony ainda guarda dores profundas, como a da morte solitária da mãe e a pressão do pai calculista para que seu filho fosse um homem bem-sucedido como ele. A busca pela superação (especialmente após uma tentativa de suicídio) é o fio condutor, do início ao fim –na arte, assim como na vida. Prepare-se: é quase impossível conter as lágrimas.

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Série

‘O Maestro e o Mar’

A série reúne romance, música e belas imagens tendo a Grécia como cenário. Foto / Divulgação

Série grega com cenas belíssimas gravadas em Paxos, Corfu e Atenas, uma boa mistura de romance, música e muitos segredos. A trama fictícia (título em inglês “Maestro in Blue”) apresenta o maestro Orestis (ator, roteirista e diretor da série, Christoforos Papakaliatis: “What if…”, “Mundos Opostos”), contratado para comandar o festival de música na pequena, pitoresca, acolhedora e aparentemente pacata ilha de Paxos.

Ali, onde todos se conhecem –ou pensam se conhecer–, ele (re)encontra a bela e jovem Klelia (Klelia Andriolatou), filha do prefeito local, dando início a um tórrido romance enquanto tenta motivar os jovens a se interessarem por música.

Ainda sob os resquícios da covid-19 –reconhecida pelo uso de máscara– e omitindo seus próprios segredos, Orestis vai se aproximando pouco a pouco dos moradores, vivenciando sua rotina e se envolvendo em seus problemas, especialmente os da alegre Maria (Maria Kavoyanni: “Mundos Opostos”), que é vítima constante de violência doméstica, sob o conhecimento e silêncio de todos da ilha.

Belas imagens e uma trama bem construída, disponível na Netflix. Já providenciou a pipoca?!?

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há 11 anos na Vila Ema.

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