Loja Savi, na rua Sete de Setembro, antes da implantação do calçadão. Foto / Arquivo Rachel Vieira

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

− Ei, Seu Stellet, me dê um bolinho caipira e um cafezinho, no capricho!

Era o que se ouvia muitas vezes no corredor do Mercado Municipal de São José dos Campos, naqueles anos de 1960. Muito frequentado o bar, hoje no comando de Ronaldo Stellet.

O Mercadão, como é chamado, das ruas Siqueira Campos, Sebastião Hummel, Sete de Setembro e Travessa Chico Luiz, foi inaugurado, no formato atual, no ano de 1921. Antes o mercado era na antiga Praça Aparecida e ficou ampliado com a doação da família Cursino. Podem ser lembradas as tradicionais bancas do Mercado, além do bar referido: a mercearia do Lauro e Tonico Pereira, a bomboniere do André, a banca de frutas do Constâncio Pintus, a de farinhas do José Carlos de Mello, o Alemão, a de verduras da dona Aurora Kikko. Ah, não pode faltar a antiga banca de fumo do Chico Penha, Francisco Marcondes dos Santos.

Pela Rua Sete de Setembro, agora calçadão, à frente do Mercado tinha a famosa Padaria Vulcão e o armazém do Friggi.  Descendo a rua, a venda de bananas, a Telefônica, a relojoaria Universal, do Alcides, com o agora vereador Walter Hayashi a servir, a conhecida Savi (Savi Modas, Savi Lar, Savi três), a bomboniere do corintiano Renato Guimarães, a Foto Ásia, a sapataria Zás-Trás, da família do posterior advogado Renato Goffi (o seresteiro Renatão), e da dentista Maria Eny Guisard; havia ainda a Ótica do João Martins, vindo depois a Papelaria Guanabara e a Seiko. Também o estabelecimento da família Perotti.

Na Rua Quinze de Novembro, primeiro a banca de jornal do Vincenzo Sciamarella, perto da Praça João Pessoa (agora Cônego João Guimarães), transferida para a esquina da Sebastião Hummel. Do outro lado o Banco que o Pierino Rossi era gerente; o escritório da Light, gerente eterno o Israel Coppio, o Bar Paulistano, a Casa Kremer, o Restaurante Santa Helena, primeiro prédio da cidade, com famosa pizza, a Capri Magazine, do Elio Del Chiaro, a Cantina Bologna, a antiga Casa Diamante, as Casas Pernambucanas, a Drogasil e a pastelaria do João Japonês, o melhor pastel da cidade. O antigo Bar do Boneca e, naquela época, surgiu a Galeria Rossi. Mais para baixo, a loja do Oswaldo Ricci, a Radiolar, a Papelaria Excelsior e a antiga Farmácia Saloni.

Casa Diamante, na rua Quinze de Novembro, próximo à praça Cônego Lima. Data não especificada. Foto / Arquivo Público de São José dos Campos

Na Rua Sebastião Hummel, a Modelo Magazine, a Vaidosa de Sílvia e Juarez. Na Rua Siqueira Campos, a farmácia da família Tarantino, a loja do Fuad Cury, pai do Jorge, Maurício e Eduardo Cury, cujo filho foi prefeito anos depois. Tinha a antiga Loja Confiança, dos irmãos Elhage, a Casa Carioca, do Hamilton Gastaldi, as lojas de roupas populares da grande colônia árabe, como as famílias dos Alwan, Assaad, Tau e Cury (Badue), algumas ainda lá.  Nessa mesma rua o Bar do Chico, a Farmácia do Pedrinho, a loja de artigos de caça e pesca, do Edson Bráulio de Mello, a Casa Fortaleza e o Supermercado Dias. Também tinha as lojas de colchões e de móveis, do Olírio Costa e dos irmãos, ainda armazém da família Ivo.

Na Praça da Matriz ficava o Grande Hotel, um dos primeiros prédios, do Pilé; o restaurante do Chico e do Fifico. Na Avenida São José, na mesma calçada da agência do Pássaro Marrom, do lado da igreja, havia a Loja Buquira, de eletrodomésticos, pertencente à concessionária Valmaq. Descendo a avenida, depois do Cine Real, do Benedito Vieira da Silva, a agência Ford, do homem que era o mais rico da cidade: Henrique Mudat.

Na Rua Coronel Monteiro, do Banco Mercantil do português João Lopes Simões, a bem antiga Casa Peneluppi, aberta até hoje. Na Rua Rubião Júnior, o bar do João, em frente ao João Cursino, a sapataria do Dito Branco na esquina do Jardim do Sapo, a já prestigiada loja do Tarzan. Na Rua Francisco Paes, do Colégio Olavo Bilac, a oficina do Neu Mello, pai dos músicos Edson e José Ernesto Mello. Na Rua Floriano Peixoto, a Casa Pinotti, o laboratório do Quaglia.

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Na Praça Afonso Pena, além do Fórum, Instituto de Educação Cel. João Cursino e o Cine Palácio, a Igreja de São Benedito, se situavam a Cantina Firenze, a Cantina do Mário e o Bar do Cinema. Lá também havia a antiga loja Mercadante, na qual apareceu a primeira televisão para os joseenses, que a assistiam maravilhados, aglomerados na calçada. Na Avenida Nélson D´Ávila, do Correio e do Externato São José, a Confeitaria Milaneza e depois a pioneira Doceira do Vale. Na paralela Rua Humaitá, a excelente Casa de Frios, a Casa Gaúcha, o bar do Alfredo, a bicicletaria do Martins e a agência Chevrolet do Salim Simão.

Finalmente, merecem ser rememoradas a agência Volkswagen do seu Arlindo, na Praça Kennedy, e a agência Valmaq do DKW no fim da Avenida Nélson D´Ávila, perto da concessionária Veibras, da família Davoli, cujo gerente era o Romualdo Davoli (sênior).

 

> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.

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