− Hoje tem jogo de futebol de salão na Associação, contra um time de São Paulo! Amanhã tem o time de vôlei.
Isso era comum ouvir naqueles primeiros anos de 1960, pois a São José dos Campos que conheci em 1962 e vim morar com a família em 64, vivia e transpirava esporte. Em meio ao footing, às brincadeiras dançantes, aos bailes e às festas religiosas, a ainda pacata cidade experimentava anos de ouro na prática do esporte.
No futebol de campo tinha o que chamavam de Esporte (Esporte Clube São José), daquele saudoso e acanhado estádio da rua Antônio Saes, o chamado Formigão do Vale. Hoje é o mesmo São José Esporte Clube, remodelado pela mágica do futebol, transformando-se, livre de dívidas, na Águia do Vale, que sempre apaixonou os joseenses e amigos.
Quantos craques revelou, entre outros, o Fidélis “Touro Sentado”, lateral do Vasco da Gama e da seleção brasileira; o volante Teodoro e o goleiro Sérgio Valentim, ambos com destaque no São Paulo Futebol Clube; o zagueiro Roque Júnior, depois Palmeiras e seleção; Emerson Leão, o grande goleiro da seleção −sim, começou aqui ainda menino e já brilhante, como reserva do Francisco de Assis Galo e do Sérgio Valentim. Muitos jogadores famosos se firmaram no São José ou vieram compor grandes times da Águia, como Tobias, Sóter, Darcy, Ademir Caipira, Walter Passarinho, Zé Mário, Lance, Tião Marino, Edinho e Nenê. São muitos nomes, inviável citar todos.
No futebol de salão, hoje futsal, a cidade era destaque, tendo sido a Associação (AESJ) campeã estadual já em 1958, continuando no topo nos anos seguintes. Destaque para uma família, a Friggi, nascida para o futebol, como Zezinho Friggi, depois criador do Museu do Esporte, e seus irmãos Roberto e Fernandinho, assim como outros da família: Zé Lauro, Tetenta e João Friggi. Lembranças merecem o Paulo Davoli, o João Russo, o Pedro Bala, o ponteiro Bolacha, o centroavante Ferretti, como os citados, bons no futebol de campo, foram jogar em grandes clubes. Enfim, uma geração após a outra a todos maravilhava, anos cinquenta e sessenta afora, seja pelo futebol habilidoso e rápido, seja pelo perfeito entrosamento, uma maravilha vê-los jogar, como lá no velho ginásio da Associação, da Rua Humaitá.
Já havia o basquete, dos precursores Alberto Marson, atlético olímpico, e o excelente Bombarda, o Waldir Boccardo, professores na sequência. Após, a geração de ouro de Pedro Ives e José Edvar Simões, verdadeiros craques de projeção nacional, jogando em grandes times, como Corinthians e Palmeiras, brilhando na seleção brasileira por anos a fio. Culminou com o time de estrelas do Tênis Clube São José dos Campos, de Edvar Simões, primeiro como jogador, depois como técnico, tendo craques renomados como Bira, Carioquinha, Nilo, Zé Geraldo, além de Maurício, Marson e outros. Outros conhecidos praticaram o esporte amador da cesta em São José, como Eduardo Cury (sênior) e Rubinho Zequié e o Dico, nomes que vêm à memória.
No vôlei, as meninas de ouro, Terezinha do Egito, Marília Ricci, Albertina, Dora, Nazaré, Marlene Palmeira, Nísia, Neuza Locatelli, as irmãs Poli, Lucila e Helminha; Linda, Albertina e Dora, em épocas distintas, sem falar da precursora Jaú e de Dirce Bombarda.
Mesmo o judô já tinha destaques, merece citação o judoca campeão Iwao Kikko, dominando o esporte o professor Sogabe. Kikko, aliás, depois respeitado advogado, remete-me ao Orion, o clube de beisebol, fase importante na história da cidade e da comunidade de origem japonesa.
A natação, por fim, era também grande destaque. Uma plêiade de nadadores talentosos, como o Zulietti, Anderson Queiroz, Zanza, Romualdo Davoli Filho, Ricardo de Nicoló, Rosa da Exaltação, Edson Muto, o Chico Molina, os irmãos Pulga, Kelce, Ismael e Olenca, a Tamara Pinotti, Luiz Augusto de Carvalho, o Baiano. Oportuno salientar que o grande destaque na natação dos últimos anos, a campeã e recordista pan-americana e atleta olímpica Fabíola Molina, é filha do Chico e de Kelce Molina.
São José dos Campos, portanto, nadava de braçada nos esportes naqueles anos 1960, o que se prolongou pelos anos seguintes, enchendo de orgulho a todos os moradores desta querida cidade, a propiciar esta ligeira rememoração.
> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.
*Republicação. Crônica publicada originalmente no SuperBairro no dia 6 de julho de 2022.