São José dos Campos: vista da Igreja Matriz e atual praça Padre João Marcondes Guimarães. Data não especificada. Foto / Pinterest

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

–– Anda logo, Zé Roberto, eu ainda tenho de buscar umas meninas lá na Mário Galvão, se não a gente vai atrasar no carnaval do Tênis. Começa às 11. A gente já tem mesa.

Era o Paulinho Arruda, esbaforido, amigo de primeira hora em São José dos Campos, que trabalhava na Valmaq, concessionária DKW de que meu pai era diretor; eu também havia começado na seção de peças. Corria o ano de 1964, precisamente fevereiro. Nós havíamos chegado de mala e cuia de São Paulo, em janeiro, as novidades nos atropelavam.

Pulamos, eu e meus irmãos, os quatro dias do carnaval no Tênis Clube São José dos Campos, meu pai havia ficado sócio do Tênis e do Santa Rita (AESJ) já em 1963. O bailinho era naquele salão velho da rua Euclides Miragaia, construído com pilares de eucalipto. Foram momentos muito bons, havia ainda lança-perfume, muita animação com as músicas daquele ano: Cabeleira do Zezé e Marcha do Remador (Se a canoa não virar, olê, olê, olá). Fiquei −como se diz hoje− com uma bela garota da cidade, deslumbrado nos meus dezesseis anos. Tivemos tempo, ainda, para xeretar nos bailes da Associação Esportiva São José.

Logo em janeiro meu superpai havia pedido ao colunista social Jorge Lemes, um dos redatores do jornal “O Valeparaibano” (mais Joacyr Beça, Luiz Paulo Costa e João Victor Strauss), que fizesse convite aos jovens da sociedade para uma festinha lá em casa, na rua Santa Clara, onde hoje é a academia Energy. A festa foi um sucesso, pois serviu bebidas alcoólicas à vontade, o que era incomum na cidade, pois os pais receavam abusos e brigas. Nada aconteceu e conhecemos muita gente. De início, o Tuffy Simão (Tufizinho), falecido precocemente, o seu irmão Ivan Simão, mais tarde bom amigo; os irmãos Puccini, Élbio, Ênio e Evandro.

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Por meio do Ênio Puccini, mais adiante colunista social, conhecemos −eu e meus irmãos José Luiz, Cristina e Teresa− os jovens do Clube dos 50, depois Clube do Castor do Lions Clube: Eugênio, Mário e Susana Bonadio, Leila e Cláudio Souza, Romualdo Davoli Filho, Aimoré de Freitas, Mário Lemer, William Nasi, Gildinha Mudat, Cláudia, Renato e Norma Cerchiaro, Tamara e Tânia Pinotti, Ismael, Kelce e Olenca Pulga, Francisco Molina, José Carlos de Moura, Ernesto Nieri, Robertinho Viana, Reinaldo Vasconcelos, Márcio e Marilda Strabão de Castro, Leila Simão, Sidnei Moreira da Silva (Boisão) e o irmão Mário, Gilberto Cará Filho, Anton Rey, Mário Antônio Martins (Toco), Sérgio Machado −falecido no incêndio do Edifício Andraus em S.Paulo−, o Ubirajara Silveira, de Cruzeiro, a Irene e o Amílcar Bondesan, o Reinaldo Moraes, Osny e Paulinho Becker, Oscar Strauss, Paulo Pinto Neves (Brucutu), o Zezito da Madre, o Carlão Bevilacqua, Emídio Marques Mesquita, Claudinha Alvarenga, Christina Campoy, Leila, Lélia e Layse Maia, Ana Maria Gonçalves Dias e Lúcia Vicentini Toledo.

Conheci também, no tempo do Clássico no João Cursino, a Turma do Banco do Jardim, jovens que diariamente faziam ponto naquele banco do Jardim da Preguiça, capitaneados pelo Aquiles Capobianco. Lembro-me, dentre outros, do Toninho Peneluppi, do Rubinho Zequié, do Bastião Jacaré, do Luziano Froes, do Ernesto Nieri, o Luís Alberto (Betão) Santos Pinto, o Gilberto Simões (Gancho), Alexandre e Leopoldo Rossi, Robertinho Viana, o Guilherme Almeida (pianista), o Ivan Simão, Paulinho Locatelli e Edvar Simões.

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A rotina dos jovens −cito apenas alguns nomes de memória– era o footing da rua Quinze, fechada para o trânsito aos sábados. Aquele sobe e desce da paquera, o point de então. Também o filminho nos Cines Paratodos e Palácio, a missa das 10 na Matriz e a brincadeira dançante, como diziam, na Associação, a balada da época.

Entremeando, os bailes tradicionais nos dois clubes citados e no H13, do CTA (Centro Técnico Aeroespacial, hoje DCTA). Eram os bailes do Bicho, do Suéter, das Debutantes, da Primavera, do Aviador, as diversas formaturas de escola, vinham orquestras famosas, mas a prata da casa era o excelente conjunto Biriba Boys, do Sérgio Weiss, sem esquecer o conjunto do Cid César. Essa era a pequena e limitada cidade, mas já tinha um jeito menos provinciano que as vizinhas, até porque estava atraindo indústrias e muita gente de fora, prenunciando a hoje reconhecida Capital do Vale do Paraíba e da Tecnologia. De resto, São José dos Campos foi eleita a 5ª melhor cidade do Brasil para se viver e trabalhar hoje.

Tenho muito apego a São José, de que sou cidadão oficial, não me esquecendo de São Paulo, nem da tia Filoca, que pontificava sempre, com ciúmes e saudosa, naqueles anos sessenta:

−− Seus pais enfiaram vocês nessa cidadezinha do interior, que nunca vai ser nada? Viu?

Nessa você errou feio, Tia Filoca!

 

> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.

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