Foto / Pinterest/Reprodução

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

− Ei, Zé, eu soube que você estava precisando de grana. Pois fale com o Pierino Rossi, lá no Banco, ao lado da Associação.

Isso já faz muitos anos e em São José dos Campos tudo parecia fácil resolver, sempre tinha a pessoa certa. Em termos bancários, havia ainda o João Lopes Simões, do Banco Mercantil, ou o José Athanásio, do Banco do Comércio e Indústria.

Pifou a parte elétrica de seu carro? Vá ao Paulinho, ali na travessa da Rua Paraibuna, eficiente e honesto, hoje tem os filhos. Funilaria, havia o Shimizu, que fazia barato. Oficina, era a do Mello da Rua Francisco Paes. Estofados, o Minzo.

Problemas de saúde? Havia o simpático Villas Boas; e, sendo criança, não havia ninguém melhor que o Frediano Bianchi.

Quer comprar um Chevrolet? Procure o Salim Simão, ou melhor, o seu filho Tuffy Simão; Willys, o Romualdo Davoli na Veibrás; Volkswagen, o Arlindo. Ford? O então homem mais rico da cidade: Henrique Mudat, dono também da Empresa de Ônibus São Bento. Havia ainda a DKW, onde cheguei a trabalhar, meu pai era diretor.

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São José era então uma cidade um pouco pequena, todo mundo conhecia todo mundo. O comércio limitado, mas vendia bem, como a “Savi Modas, Savi Lar, Savi três, São José e região, todo mundo é freguês”, do Saul Vieira, ou a vetusta Casa Confiança, dos Elhage. Ou ainda a Casa São José, de ferragens, do Peneluppi, que ainda subsiste heroica ali na Coronel Monteiro. Tecidos e roupas nas Lojas Kremer, bombons na Bombonière Cruzeiro, na Rua Quinze, ou a Rua Sete, sem calçadão, do corintiano Renato Guimarães.

Precisasse de molduras ou espelhos, era com o Pinotti, bem como com o outro Pinotti um belo caixão para enterro, ali na travessinha da Rua Quinze, na esquina da Drogasil. Esta antecedida por aquela da Tarantino, na Praça da Matriz, além da conhecidíssima Saloni.

Havia o concorrido comércio dos Perotti, de saudosa memória, bem como a livraria Excelsior ou a Foto Ásia, não havendo alguém que não tenha comido o pãozinho da Vulcão. Para comprar frios tinha de ir à Casa de Frios da Rua Humaitá. Bicicletas, era com o Benitez, da Rua Dolzani Ricardo, ou com o Martins da Rua Humaitá.

Colégios, o imbatível Instituto de Educação Coronel João Cursino, de notáveis mestres como Simão Chuster, Custódio, Ramiro, Oswaldo, Rimoli, Palma e Jandira, Janú e Zélia, Luiz Gonzaga, Dirce, Cleide, Rotschild, Nazaré, Marson, Stéfano, Moacyr, Carlos e Chico Triste. Diretor, o Lebrão, a Jaú Miragaia. Inspetores, Lourdes, Esmirna, Candinho, Monteiro e o Zebu.

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Discos, na Radiolar. Rádio, procurasse o Mimessi, ou Antônio Leite; no jornal Valeparaibano, o Joacyr Beça, o Luiz Paulo Costa, este ainda por aí, vendendo seus excelentes livros. Nos esportes, o simpático e inesquecível Alberto Simões, antecedido pelo Benedito Matarazzo.

Havia o pessoal do Tênis Clube e da Associação, bem como os atletas conhecidos, como o Zezinho Friggi, o Pedro Yves, o Edvar Simões, todos jovens, além dos nadadores campeões. Sem falar no Formigão do Vale, hoje Águia do Vale, o clube de futebol do São José, na Rua Antonio Saes.

Telefonar para São Paulo? Tinha de marchar até a Telefônica na Rua Sete. E nem falei em comida.

Mas a vida, no geral, corria solta, missa no domingo na Igreja da Matriz, com o rigoroso Padre João, que não admitia mulher de “carça comprida”. Bons eram os bolinhos que ele promovia no Asilo Santo Antônio.

Há muitos outros a lembrar, mas deixo para os leitores.

 

> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.

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