Naquele dia de 1963 pensei: escapei de comer o arroz eventualmente azedo do bar do Michel, papai me avisou que eu ia almoçar com ele no Grande Hotel. Foi muito bom, aquele filé com fritas foi demais.
Quando conheci São José dos Campos em 1962, cidade relativamente pequena, mas já em grande desenvolvimento, todo mundo se conhecia e frequentava os mesmos lugares. Não havia a dimensão de hoje, eram os mesmos estabelecimentos carimbados por anos, contudo não sem encantos.
Meu pai para cá veio trabalhar e ficava durante a semana e depois voltava para São Paulo. Assim, experimentava todos os restaurantes de então. Eu era trazido ocasionalmente e fui conhecendo São José, pela qual me encantei.
Além do filé com fritas do Grande Hotel, lá na Praça da Matriz, do Seu Chico e do Fifico, tinha o ótimo filé à parmegiana da Cantina Bela Venezia do Alfredo Asdente. Não havia ainda o Vila Velha.
Cantinas também a Firenze e a do Bolonha. Pizza, no Bar e Restaurante Santa Helena, do português Craveiro, ali na Rua Quinze de Novembro. Ou se sentava no restaurante, ou se comia um belo pedaço de pizza de mussarela no balcão, acompanhada de um chope gelado. Tinha um amigo que preferia aqueles ovos coloridos. Pode? Quando ele pedia salsicha eu já me levantava para ir embora.
Ainda havia o lendário Bar Paulistano, do Santos Pinto, e o Bar do Boneca. Mas muito prestigiada era a Cantina do Mário, na Praça Afonso Pena, da família Porto.
Não demorou muito vieram o resistente Vila Velha, cujos pratos ainda hoje muito aclamados são o pintado na brasa e os camarões à grega. Apareceu O Fino, do referido Craveiro, que passou a ser o templo da pizza e da comida à la carte. Vivia cheio, deixando saudades.
Os anos foram passando e chegaram o Chinese House, para quem aprecia a boa cozinha chinesa, e a Trattoria Mezzanino, cuja perna de cabrito e a salada completa sempre foram famosas.
Na esteira do Santa Helena, bares surgiram, choperias na verdade, como o Post Office, Opção, Choppnhauer, Pilão, Frangão, que reinaram por longo tempo, porém já se foram. Foram substituídas por novas e inúmeras casas.
Hoje reina absoluto o Coronel, perto do cemitério, na Rua Coronel Monteiro, com chope de primeira e petiscos excelentes. Já durante a semana tem um grande afluxo, parece que cada vez mais antecipam a sexta.
> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.