Prefeito Felicio e o PSDB joseense: "somos um time, um grupo político, e qualquer ação será feita em conjunto". Foto / Claudio Vieira/PMSJC

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

A semana que está terminando não foi das mais tranquilas para o PSDB. Primeiro, a notícia de que a maioria da bancada tucana na Câmara Federal optou pelo voto “impresso e auditável”, que se transformou em marca registrada do bolsonarismo.

Dos 32 deputados do partido, 14 votaram a favor da PEC (Proposta de Emenda Constitucional), 12 foram contrários e seis se abstiveram. Ou seja, 20 deputados contrariaram a orientação do partido, enquanto apenas 12 votaram “não”, como a direção tucana havia recomendado.

No âmbito regional, tudo em paz: o deputado Eduardo Cury votou “não”.

Alckmin: um dos fundadores do PSDB está de malas prontas. Foto / Divulgação

Alckmin bate as asas

Para complicar, o pindense, santista e ex-governador Geraldo Alckmin anunciou que está deixando o ninho tucano depois de 33 anos no partido. Para que se tenha uma ideia da perda, seu nome está gravado na ata de fundação do PSDB, em junho de 1988.

Mais que fundador, Alckmin é a cara do partido em São Paulo, estado que governou de 2001 a 2006 e de 2011 a 2018. Ou seja, no século 21, só deu Geraldinho –como é chamado pelos companheiros mais antigos–no topo da política paulista. Seu destino pode ser o PSD, do ex-prefeito paulistano e ex-ministro Gilberto Kassab.

Ninho ouriçado

A notícia, que não era nenhuma surpresa em razão da falta de espaço que o governador Doria proporcionou ao seu padrinho político, não deixa de embaralhar um pouco o ninho tucano joseense. Recentemente o prefeito Felicio Ramuth se disse desconfortável com os rumos que o partido vem tomando, referindo-se, provavelmente, à esfera estadual.

Recebido na rádio Jovem Pan na quinta-feira (12), Felicio comentou o assunto e lembrou que, ao que parece, “não é ele [Alckmin] que está saindo do PSDB, é o PSDB que está saindo dele”. O prefeito revelou que esteve três vezes com o ex-governador em São José e conversaram. Mas, perguntado sobre os reflexos da saída no PSDB joseense, o prefeito foi taxativo: “Em São José, nós somos um time, um grupo político, e qualquer ação será feita em conjunto”.

Finalizou garantindo que não existe nada de concreto sobre mudança de partido, apenas possibilidades. “Há uma certa insatisfação com os rumos do partido, principalmente entre os membros mais antigos, mas nenhuma conversa sobre sair, ou quando sair, nada”, disse Felicio.

Sinal de muito bom senso. Afinal, nos últimos 24 anos foram cinco governos tucanos completos e mais um sexto em seu primeiro ano, contra um intervalo petista de quatro anos que acabou rejeitado nas urnas.

 

PONTO A PONTO

Cury: “não” à minirreforma eleitoral. Foto / PSDB/Divulgação

Cury e a minirreforma

Mais focado em Brasília na semana em que foi votada a minirreforma eleitoral, o deputado Eduardo Cury (PSDB) gravou vídeo para deixar clara a sua insatisfação com as propostas apresentadas. “Votei contra tudo nessa reforma. Primeiro, foi o ‘distritão’, um sistema que não existe em lugar nenhum do mundo”, em que “o candidato a deputado teria que fazer campanha em todo o estado”. E completou: “Só quem tem muito dinheiro iria conseguir se eleger”.

Cury também criticou a volta das coligações partidárias. “Acabou passando contra o meu voto. Espero que o Senado derrube a volta das coligações”, disse.

*Veja [aqui] a íntegra do comentário de Eduardo Cury.

Vereador Thomaz Henrique (Novo). Foto / Divulgação

Termelétricas passam

E o projeto que aprova a implantação de usinas termelétricas foi aprovado na sessão da última quinta-feira (12) da Câmara Municipal. Porém, o voto favorável da maioria dos vereadores promete ser apenas o início de um grande debate que deverá chegar até a população.

De um lado, a oposição dá como certo que o projeto abre as portas para usinas altamente poluidoras serem implantadas no município. De outro, a situação repete o argumento dos técnicos da Prefeitura de que está se aprovando a possibilidade de instalação de usinas que utilizam biogás (que vem do lixo) e gás natural, matérias-primas muito menos poluidoras que outros combustíveis fósseis.

A crítica mais contundente, até agora, recaiu sobre o processo de apresentação do projeto, incluído de última hora para votação sem ter entrado antes na pauta da sessão. O vereador Thomaz Henrique (Novo), em aparte, protestou: “Um projeto dessa importância tem que constar da pauta desde o início da sessão”. E completou: “Que não se tente enganar a população com uma pauta fajuta para [depois] incluir o projeto na pauta como se fosse surpresa”.

*Veja [aqui] a íntegra do aparte do vereador Thomaz Henrique.

É hora de participar

A partir da próxima terça-feira (17), a Prefeitura de São José dos Campos inicia uma série de sete audiências públicas para a elaboração da LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2022 e do PPA (Plano Plurianual) de 2022 a 2025. É o momento de o cidadão participar com suas reivindicações e sugestões que poderão ser incluídas no orçamento do município para o ano que vem.

Quem tiver o que dizer, mas deixar de participar, não vai ter o direito de “chorar o leite derramado” caso não seja atendido.

Veja [aqui] como participar e os locais das audiências.

 

CHUMBO TROCADO

Felicio e a pandemia

Dê uma nota (de 0 a 10) para o desempenho do Governo Felício no enfrentamento da pandemia de covid-19. Explique sua nota em no máximo 500 caracteres com espaços.

Vereadora Amélia Naomi (PT). Foto / Divulgação

Amélia Naomi | vereadora | PT

[5]

“São José recebeu cerca de R$ 150 milhões de repasses para o enfrentamento da pandemia. Mesmo com recursos, o governo Felicio não fez nenhuma medida para ajudar as micro e pequenas empresas e muitos empreendedores acabaram fechando as portas. A população mais carente ainda sofre com o abandono do município. Mesmo tendo dinheiro, porque além dos repasses houve aumento de arrecadação, nenhuma cesta básica foi comprada pela Prefeitura. Todas as cestas distribuídas foram doações da população.”

Vereador Dr. José Claudio (PSDB). Foto / Divulgação

Dr. José Claudio | vereador | PSDB

[sem nota]

Nota do editor – A Equipe SuperBairro, que produz Política & Políticos, fez contato por telefone com a assessora de comunicação do vereador e apresentou a mesma solicitação feita à vereadora Amélia Naomi. O prazo para retorno foi sexta-feira até as 14h, via WhatsApp. Até o momento da publicação desta coluna o SuperBairro não recebeu resposta do Gabinete do vereador.

 

UM, DOIS, TRÊS…

Consultora política Gil Castillo. Foto / Arquivo pessoal

Quem ganha e quem perde com a minirreforma eleitoral?

Política & Políticos fez três perguntas sobre o assunto à consultora política Gil Castillo, diretora da Tupy Company, empresa de assessoria política com sede na região com trabalhos em todo o país e no Exterior. Recentemente, viajou a São Tomé e Príncipe (África) para coordenar a campanha presidencial de um candidato.

[1] Quem ganha com a volta das coligações partidárias?

Acho que os políticos perceberam que a falta de coligações fragmentou muito as eleições municipais, e isso tenderia a se repetir em 2022, principalmente nos cargos executivos. Os partidos, principalmente os pequenos, perderam representatividade. A volta das coligações ajuda nesse processo.

[2] E quem perde com elas?

O eleitor perde quando continuamos com o mesmo processo eleitoral, onde existe uma centralização de poder nos dirigentes partidários, não só em relação à decisão sobre candidaturas, mas também com relação à distribuição das verbas do fundo eleitoral. É lógico que isso visa manter um sistema eleitoral que é muito falho, pelo número de partidos que nós temos no Brasil hoje, muitos considerados “partidos de aluguel”, o que também remete à questão da falta de representatividade desses partidos.

[3] O que faltou fazer nesta minirreforma?

A questão sobre o voto distrital ficou diminuída, não existiu. Também ficou muito enfraquecida a pauta da representatividade feminina. Somos o país da América Latina com menor representação de mulheres no Parlamento. Foi uma reforma de perfumaria que gera muitas dúvidas sobre o nosso processo eleitoral.

 

TOQUE FINAL

Gil Castillo e a minirreforma eleitoral

As respostas acima são um spoiler da entrevista completa com Gil Castillo sobre a minirreforma eleitoral que o SuperBairro vai publicar neste domingo (15). Não perca.

 

*Texto atualizado às 14h22 do dia 14/8/21 para correção do nome do país onde Gil Castillo e a empresa Tupy Company trabalharam em campanha eleitoral.