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Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Dom Hélder Câmara

 

* Ao padre Júlio Lancellotti.

 

Mariama, Nossa Senhora, Mãe de Cristo e Mãe dos homens!

Mariama, Mãe dos homens de todas as raças,

De todas as cores, de todos os cantos da Terra.

Pede ao teu Filho que esta festa não termine aqui.

A marcha final vai ser linda de viver.

Mas é importante, Mariama, que a Igreja de teu Filho não fique em palavra, não fique em aplauso.

O importante é que a CNBB, a Conferência dos Bispos, embarque de cheio na causa dos negros como entrou de cheio na Pastoral da Terra e na Pastoral dos Índios.

 

Não basta pedir perdão pelos erros de ontem.

É preciso acertar o passo hoje, sem ligar ao que disserem.

Claro que dirão; Mariama, que é política, que é subversão, que é comunismo.

É Evangelho de Cristo, Mariama!

 

Mariama, Mãe querida!

Problema de negro acaba se ligando com todos os grandes problemas humanos,

com todos os absurdos contra a humanidade, com todas as injustiças e opressões.

Mariama, que se acabe, mas se acabe mesmo a maldita fabricação de armas:

o mundo precisa fabricar é Paz.

Basta de injustiça:

de uns sem saber o que fazer com tanta terra e milhões sem um palmo de terra onde morar.

Basta de uns tendo de vomitar pra poder comer mais

e 50 milhões morrendo de fome num ano só.

Basta de uns com empresas se derramando pelo mundo todo

e milhões sem um canto onde ganhar o pão de cada dia.

 

Mariama, Nossa Senhora,

Mãe querida, nem precisa ir tão longe, como no teu hino:

nem precisa que os ricos saiam de mãos vazias e os pobres de mãos cheias.

Nem pobre nem rico!

Nada de escravo de hoje ser senhor de escravos amanhã:

basta de escravos!

Um mundo sem senhor e sem escravos,

Um mundo de irmãos!

De irmãos não só de nome e de mentira.

De irmãos de verdade, Mariama.

 

Dom Hélder Pessoa Câmara foi um bispo católico, arcebispo emérito de Olinda e Recife. Foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e defensor dos direitos humanos durante o regime militar no Brasil. Pregava uma Igreja voltada para os pobres e a não-violência. Nasceu em 7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza (CE) e morreu em 27 de agosto de 1999, em Recife (PE). Fonte: Wikipédia

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> Júlio Ottoboni é jornalista (MTb nº 22.118) desde 1985. Tem pós-graduação em jornalismo científico e atuou nos principais jornais e revistas do eixo São Paulo, Rio e Paraná. Nascido em São José dos Campos, estuda a obra e vida do poeta Cassiano Ricardo. É autor do livro “A Flauta Que Me Roubaram” e tem seus textos publicados em mais de uma dezena de livros, inclusive coletâneas internacionais.

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