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Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

− Pai, deixe seu Fusquinha comigo que eu vou levar à oficina do Shimizu para ele dar uma geral.

Foi em 1971, em São José dos Campos, eu levei o carro do meu pai ao funileiro, ali numa travessa da Rua Paraibuna, para dar umas retocadas, de maneira que ele pudesse vendê-lo. Vi que ele não ia conseguir vender o possante Fusca vermelho nem com reza brava, pois ele estava, como se dizia na época, bem esmerilhado!

Nesse linguajar dos anos 1970 –já um pouco atualizado, ressalvo– vou contando como era a vida joseense nos anos 1960-70. Muito diferente e não era fácil, não. Funileiro, na cidade, tinha o prestigiado Gino, bem como o Pitulica. Fora deles caía no indigitado Shimizu, barateiro, embora um tanto demorado. Depois veio o Cyborg, agora os filhos.

A praça de São José não dispunha de serviços abundantes como hoje em dia. Mecânica, além das caras concessionárias, como ainda acontece, tinha a Ford do Henrique Mudat, tido como o homem mais rico da cidade; a Volkswagen do Fusquinha e da Kombi, era do Sr. Arlindo. A Fiat estava começando.

DKW, do Belcar, da Vemaguete, do Candango e do Fissore, tinha como sócio majoritário o Abreu Sodré, aquele mesmo que foi governador. Trabalhei lá, na seção de peças, com 16 anos.

A Willys, por sua vez –lembra-se do Jeep Willys e da Rural Willys, do Aero Willys, do Esplanada?– era e ainda é da família Davoli, do amigo Romualdo Filho. Depois virou Chevrolet. A Chevrolet, até então, tinha como concessionário o Salim Simão, lá na esquina da Avenida João Guilhermino com Humaitá, tendo como gerente Tuffy Simão, irmão dos advogados Nagib e Amin, além do comerciante Nacif, recordando-me dos netos Tufizinho, Ivan e Leila.

Eletricista, tinha o Luizinho, na Avenida Castelo Branco, bom, mas careiro e demorado. Preferia a oficina do Paulinho, também na mesma travessa da Paraibuna, Rua Jordão Monteiro Ferreira, rápido, eficiente e corretíssimo, atualmente sendo tocada pelos filhos, no mesmo padrão.

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Mecânicos fora dos concessionários, havia o Carlinhos Simões, irmão do Edvar, nosso eterno craque do basquete, assim como outro irmão cujo nome ora me escapa. Existia a oficina do Mário, bom mecânico, que havia sido da Valmaq, DKW. Lembro-me do amigo de meu sogro, o Dito Bandeirante, lá da velha Vila Maria.

Quando se fala em estofados, não havia para o Mingo, da Vila Maria, cujo filho Celso compartilhei da amizade na Prefeitura. Material elétrico, ontem como hoje, o imbatível Tarzan da Rua Rubião Júnior. Televisor para consertar: o Muto Buto da Avenida João Guilhermino, ainda no mesmo local, com o filho da nossa faixa de idade.

Bicicletas?  A oficina do Benitez, da Rua Dolzani Ricardo, pai do Roberto, ou o Martins, da Rua Humaitá, merecendo lembrança aquela na Avenida Rui Barbosa. Não se pode esquecer dos vidros e quadros dos irmãos Pinotti, da Avenida Floriano Peixoto, bem como os caixões de defunto de outro Pinotti, na travessa da Rua Quinze de Novembro, cujos filhos são da nossa época. Ah, tinha a loja do Perotti, do amigo Gilberto.

Voltando ao Fusquinha, sobrou crítica da tia Filoca quando contei a conversa antiga com papai:

−  É, Zezinho, pra quem é que vocês iam empurrar aquele carro? Por fora bela viola, por dentro…

Arranjei uma desculpa esfarrapada, meio canhestra −tinha vinte e poucos anos, gente–, precisava ajudar o velho a se desfazer da lacraia. Mas o castigo veio logo, não vendeu bem, valeu pouco meu esforço e ainda tive de escutar a zombaria da tia:

− Não falei? Bem feito!

 

> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.

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