Foto / SuperBairro

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Oba, hoje é sexta-feira, vou comer pastel lá na feira da Vila Ema! Se não for um pastel, será um delicioso bolinho caipira na Casa de Massas; aproveito para levar umas pizzas para a noite.

Sim, a Vila Ema, em São José dos Campos, seu centrinho na Avenida Heitor Villa-Lobos é um point dos moradores da zona central da cidade; naturalmente não daquelas pessoas presas ao seu trabalho ou à escola, mas de uma maioria de donas de casa e aposentados, que não deixam de ir lá fazer um rolê.

A feira é uma festa, além dos consumidores, tem os manjados pedintes, além de músicos de harpas, violinos, violões e pandeiros, atrás de uns trocados. Sem falar dos políticos, que pululam em época de eleições. Na maior parte do ano somem, ninguém os vê. Com as proximidades das eleições é um tal de santinhos, bandeiras, corpo a corpo chato, a relembrar supostos amigos.

Além do burburinho geral, alguns poucos feirantes chamam os fregueses com sua cantoria, o que empresta um colorido à feira. Isto me faz lembrar as fabulosas feiras de São Paulo da minha infância, onde era bonito ouvir a cantoria italianada dos feirantes, estimulando as compras, chamando a atenção para seus produtos. Essas feiras sempre foram muito fartas, com mercadoria de primeira. Os preços eram bons e os fregueses preferiam comprar ali.

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Voltando à feira da Vila Ema, além das compras, é uma boa oportunidade de comprar saborosos pastéis de duas bancas que estão sempre movimentadas, uma em frente à outra. Ou comer um rolinho primavera naquele trailer lá na ponta da feira. Nessas andanças, é sempre bom encontrar amigos e bater um papo saudoso, às vezes gente que não víamos havia tempo.

Os pedintes são manjados: tem o senhorzinho que fica na Avenida Nove de Julho, na entrada da feira, solicitando alguns trocados. Tem uma senhora bem conhecida, que anda com uma surrada receita médica, alegando necessitar de remédios. Outra ainda –coitada− velhinha, parece saída de uns daqueles contos dos irmãos Grimm. Afora os ciganos, que trazem a filharada toda. Haja trocado!

Depois de cumprir o ritual do pastel, do rolinho ou do bolinho, dar umas caneladas nos carrinhos de feira, papo aqui e ali, sempre é tempo de ir fazer uma fezinha na casa lotérica e, quem sabe, ganhar aqueles milhões. Em seguida, dar um pulo ao supermercado para completar as compras para já ir gastando por conta.

Não é que um dia encontrei um daqueles indefectíveis esmoleiros da feira, idoso com cara de infeliz, a quem eu dava sempre um dinheirinho, portando um alentado maço de volantes de jogos no guichê da lotérica? Ficou cerca de dez minutos processando suas apostas, eu pensando de onde é que vinha tanto dinheiro, além do meu, para essa fantasia custosa. Fiquei matutando: além de alimentar nosso sonho de loteria, temos também ajudado o sonho do pedinte. Deus queira que ele ganhe!

 

> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.

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