Aplaudi de pé e chorei, sim. Impossível não se emocionar com o documentário “Elis & Tom: Só Tinha de Ser Com Você”, em exibição nas telonas da Capital –e que, infelizmente, não deve chegar ao Vale do Paraíba, já que estreou nos cinemas em setembro. Trata-se dos ensaios, intimidade do processo criativo, tensões e filmagem original de momentos do encontro de Elis Regina e Tom Jobim em Los Angeles (1974), para a gravação do álbum que se transformou num ícone, uma obra maviosa da nossa música.
A minha sensação naquela sala do Cine Itaú do Bourbon Shopping, em Perdizes, era de que ambos estavam ali, mais vivos do que nunca, cantando “Só tinha de ser com você”, “Modinha”, “Retrato em branco e preto”, “Chovendo na roseira”, dentre outras inesquecíveis canções…
Riam, discutiam, buscavam o tom ideal no piano de um César Camargo Mariano ainda um tanto inseguro diante do “monstro” Antonio Carlos Jobim –e, sim, um tanto enciumado também com o estreitamento da sinergia entre aquele homem e a sua esposa, sob o testemunho do pequeno João Marcello (um dos narradores do filme).
O documentário de Roberto Oliveira é impecável na qualidade técnica e na riqueza das entrevistas sobre aqueles dias no estúdio de L.A.: ex-executivos da gravadora Polygram, músicos de renome, a filha de Tom Jobim, Roberto Menescal, Nelson Motta, César Camargo Mariano e outros grandes nomes.
Depois de guardar essa preciosidade por mais de cinco décadas (cerca de 50 horas de filmagens que passaram por tratamento de imagem), Roberto – então empresário de Elis– presenteia fãs e admiradores da música brasileira de altíssima qualidade por inesquecíveis 100 minutos. Ao final, em meio às lágrimas, cantei com eles “Águas de Março” enquanto eram exibidos os créditos na tela. Uma obra para poucos e bons apreciadores da MPB.
Série
‘Beckham’
Engana-se quem pensa que vai ver apenas gols de um mito de rosto bonito, permeado de histórias entediantes de futebol. Você vai ver um homem cuidando impecavelmente da cozinha e das suas roupas, numa verdadeira aula de organização doméstica!
Disponível na Netflix, a série de quatro episódios mostra, sim, gols inimagináveis, mas que são fruto da persistência de Beckham desde criança, sob orientação assídua do pai.
Ídolos do futebol britânico e mundial dão seus depoimentos, numa série que mantém a dose precisa entre a vida profissional do ex-jogador, as decisões do homem e sua esposa, Victória (Secret) Beckham, que por várias vezes teve que mudar de casa e trocar a escola dos filhos para seguir o marido.
Prepare a bacia grande de pipoca, chame adultos, jovens e crianças: todos certamente vão se deliciar com as cenas… e, de quebra, aprender a colaborar com as tarefas domésticas. Afinal, se o Beckham pode, por que os homens da casa não poderiam?
> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há 11 anos na Vila Ema.