Ricardo Aleixo
Escrever porque esta é,
sem sombra de dúvida,
a melhor hora
para escrever.
Não escrever porque esta,
verdade seja dita,
é a melhor época
para não escrever.
Escrever porque esta,
convenhamos,
não é a melhor ocasião
para escrever.
Não escrever porque este,
antes e acima de tudo,
é o melhor turno
para não escrever.
Escrever porque este,
só um cego não vê,
é o melhor tempo
para escrever.
Não escrever porque este,
apesar dos pesares,
é o melhor mês
para não escrever.
Escrever porque esta,
até segunda ordem,
não é a melhor noite
para escrever.
Não escrever porque este,
em última instância,
não é o melhor século
para não escrever.
Ricardo José Aleixo de Brito nasceu em Belo Horizonte (MG) em 1960. É autodidata e atua em diversas áreas. Estreou em 1992 com o livro “Festim”. Em Belo Horizonte, é curador do Festival de Arte Negra (FAN), coordenador de projetos culturais (30 Anos da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, Tricentenário de Zumbi e a Bienal Internacional de Poesia). Seus poemas revelam forte afinidade com o movimento concretista e com a etnopoesia. Com visão crítica da realidade, faz poesia social, mordaz, seca e irônica. Fonte: Wikipédia
> Júlio Ottoboni é jornalista (MTb nº 22.118) desde 1985. Tem pós-graduação em jornalismo científico e atuou nos principais jornais e revistas do eixo São Paulo, Rio e Paraná. Nascido em São José dos Campos, estuda a obra e vida do poeta Cassiano Ricardo. É autor do livro “A Flauta Que Me Roubaram” e tem seus textos publicados em mais de uma dezena de livros, inclusive coletâneas internacionais.