Vizinhos parisienses: solidariedade em tempos de covid. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

A narração infantil da frase final do filme cala na alma: “Nós nascemos, vivemos e morremos. E mesmo assim a vida é linda. Mas seria ainda melhor se todos nascessem no mesmo dia, assim todos morreriam no mesmo dia, e ninguém ficaria triste”.

Utilizando cenas reais de Paris em 2020, durante o período de lockdown instalado devido à pandemia do coronavírus, o diretor, ator e corroteirista Dany Boon nos traz o longa-metragem “Mais Que Amigos: Vizinhos” (Huit Rue de L’Humanité), disponível na Netflix.

A história se passa em torno das famílias que moram no pequeno prédio sem elevador (tipicamente parisiense) e que pouco ou mal se relacionam, até então. O ilustrador científico hipocondríaco Martin (Dany Boon: “Mistério no Mediterrâneo”, “Um Plano Perfeito”) é casado com a advogada Claire (também corroteirista Laurence Arné: “Daddy Cool: Ex em Domicílio”, “Um Amável Pão-Duro”) e tentam conciliar a nova rotina de trabalho em home-office com as largamente conhecidas precauções contra o vírus.

Todas as noites os vizinhos e moradores de outros edifícios vão às suas varandas aplaudir longamente o trabalho incansável dos profissionais de saúde –a exemplo do que vimos na mídia em quase todo o mundo. Confinados na quarentena forçada, alguns personagens alternam entre o humor e o drama; um, em especial, nos leva do riso ao choro: Diego (Jorge Calvo: “Mãos à Obra”, “Nascido Para Sofrer”), marido da zeladora latina que contraiu covid e está hospitalizada.

Há uma solitária dona do café à beira da falência, um empresário rico e arrogante cujo filho caçula está apaixonado pela vizinha de mesma idade, um cientista que de modo amador tenta descobrir a vacina contra o coronavírus, uma cantora em fim de gestação e casada com um professor de ginástica que dá aulas online, todos intrigados com a mais recente vizinha: mulher sozinha e misteriosa, com aparência de imigrante, que passa as noites fora de casa e não conversa com ninguém nem é vista durante o dia.

Nas poucas e rápidas cenas do Arco do Triunfo, tão melancolicamente vazio em seu entorno quanto as ruelas e cercanias do edifício, impossível não lembrar dos dias mais tenebrosos desta pandemia que já ceifou mais de 600 mil vidas só no Brasil. As situações do filme são apresentadas com o percentual de exagero próprio das comédias francesas, mas em certo grau poderiam –ou podem!– ter ocorrido no condomínio onde residimos, na casa de nossos familiares e na vida de tantos amigos.

Dany Boon e Laurence Arné oferecem o filme “Para todos aqueles que sofreram pela humanidade em solidariedade”.

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Série

PSYCH

Criada em 2006, esta cômica série policial está em sua oitava temporada, à disposição no streaming Amazon Prime. O jovem Shawn (James Roday Rodriguez: “Showtime”, “Estrela Solitária”) possui excelente memória visual desde pequeno, quando seu pai o treinava para seguir seus passos profissionais de bem-sucedido policial.

Adulto, displicente, sem emprego nem profissão definida, Shawn utiliza seu olhar observador e a habilidade de memorização se autodenominando vidente, sob severas críticas paternas. Persuasivo e perseverante, com a ajuda do amigo e representante de produtos farmacêuticos Gus (Dule Hill: série “Suits”; filme “Halloween Macabro”) ele consegue desvendar um crime investigado pelo Departamento de Polícia de Santa Bárbara, na Califórnia. A partir de então, os dois amigos abrem a agência de detetives Psych, passando a trabalhar para a polícia –que suspeita, mas nunca consegue provar que o jovem é um charlatão.

Leve e bem-humorado, sem ser escrachado, vale maratonar com as crianças… e uma boa bacia de pipoca!

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), atua como redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há nove anos na Vila Ema.

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