Fernanda Young
Sou uma casa completa.
Tenho recantos em minhas
Dobras, lareira e um belo
Jardim de tulipas negras.
Também sou uma caravela
Que corre ruidosa e
Escorregadia sobre os oceanos
Que conduzem a novos
Continentes.
E uma caneta macia de um
Garçom orgulhoso; ele gosta
De ouvir: – Que caneta boa!
Quando assinam a conta.
Posso ser os elásticos de
Pompom nas chiquinhas de
Uma menina que chora,
Chata, no pátio ao lado.
Ou um simples copo de água
Oferecido a alguém que
Trouxe uma pesada
Encomenda.
Quiçá sou eu, sim, eu.
Eu mesma. Sofisticada e
Demencial. Essa que fala
Demais e diz que te ama,
Que não quer ir, e não quer
Ficar aqui.
Esse aqui que vaga e
Ressente.
Fernanda Maria Young de Carvalho Machado foi roteirista, escritora, apresentadora, atriz, autora e diretora de TV. Escreveu ao menos 14 livros, entre eles “Pós-F”, “Estragos” e “A mão esquerda de Vênus”. Em 1995, estreou como roteirista no programa “A Comédia da Vida Privada”, da Rede Globo. Em 96, lançou o primeiro livro, “Vergonha dos Pés”. Uma de suas séries de maior sucesso, “Os Normais”, comédia estrelada por Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães, deu origem a dois filmes, também escritos por Fernanda com outros roteiristas. Foi indicada duas vezes ao prêmio de Melhor Comédia do Emmy Internacional, por “Separação?!” e “Como Aproveitar o Fim do Mundo”. Fernanda Young nasceu em 1º de maio de 1970, em Niterói (RJ) e morreu em 25 de agosto de 2019, em Paraisópolis (MG), por parada cardíaca após uma crise de asma quando descansava em seu sítio. Fontes: Google e Wikipédia
> Júlio Ottoboni é jornalista (MTb nº 22.118) desde 1985. Tem pós-graduação em jornalismo científico e atuou nos principais jornais e revistas do eixo São Paulo, Rio e Paraná. Nascido em São José dos Campos, estuda a obra e vida do poeta Cassiano Ricardo. É autor do livro “A Flauta Que Me Roubaram” e tem seus textos publicados em mais de uma dezena de livros, inclusive coletâneas internacionais.