OMM prevê que a combinação das emissões de gases que causam o efeito estufa com o El Niño provoque elevação acentuada da temperatura média do planeta nos próximos cinco anos. Foto / Pixabay

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

O alerta da agência da ONU para o clima vale para os próximos cinco anos, quando se prevê uma combinação dos gases que causam o efeito estufa com o aquecimento provocado pela volta do El Niño

 

DA AGÊNCIA BRASIL*

As temperaturas globais devem bater a marca dos registros atuais nos próximos cinco anos por causa dos gases que causam o efeito estufa e do fenômeno El Niño, que está ocorrendo naturalmente. O alerta é da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Em relatório divulgado nesta quarta-feira (17), a agência das Nações Unidas afirma que existe 98% de chance de um, dentre os próximos cinco anos, ser o mais quente desde o início dos registros das temperaturas globais.

Conhecido como Atualização Global Anual do Clima, o relatório é produzido pela agência da ONU em parceria com especialistas do Reino Unido. O documento aponta 66% de probabilidade de a temperatura média anual próxima à superfície global, entre 2023 e 2027, ultrapassar os níveis pré-industriais de 1,5°C por pelo menos um ano.

Um outro fator é que o fenômeno El Niño, que deve evoluir nos próximos meses, apareça num cenário de combinação de mudança climática induzida por seres humanos que levará as temperaturas globais para patamares desconhecidos.

O secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, disse que o relatório não significa que a humanidade estará permanentemente excedendo a marca de 1,5°C, especificada no Acordo de Paris sobre Mudança Climática, mas sim um alarme de que este limite será rompido com maior frequência no futuro.

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Impactos

O relatório também aponta para o aquecimento do Ártico, que poderá ser três vezes mais alto que a média global. Taalas disse acreditar que esse quadro poderá causar impactos sobre a saúde, segurança alimentar, gerenciamento de mananciais de água e meio ambiente. E, somente por isso, segundo ele, o mundo precisa estar preparado.

Em 2022, a média de temperatura global foi de 1,15°C acima da média de 1850-1900. A influência de resfriamento das condições do fenômeno La Niña sobre a maior parte dos últimos três anos controlou, temporariamente, uma tendência de aquecimento a longo prazo. Mas o La Niña acabou em março. E o El Niño, geralmente, leva a uma alta das temperaturas globais no ano seguinte à sua formação, o que ocorrerá em 2024.

Comparada ao período de 1991-2020, a anomalia da temperatura provocada pelo aquecimento do Ártico é esperada para ser mais de três vezes maior. Esse aquecimento está sendo desproporcionalmente mais alto.

Os padrões de precipitação previstos para maio a setembro de 2023 a 2027, se comparados a 1991-2020, sugerem um aumento de chuvas no Sahel –região situada no continente africano–, no norte da Europa, no Alasca e no norte da Sibéria. E, ao mesmo tempo, uma redução da estação de chuva para a Amazônia e partes da Austrália.

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Acordo de Paris

Além do aumento das temperaturas globais, a produção de gases induzidos por mãos humanas está levando a mais aquecimento e acidificação dos oceanos. Outra consequência é o derretimento de geleiras e gelo do mar, assim como o aumento do nível do mar e temperaturas mais extremas.

O Acordo de Paris estabelece objetivos de longo prazo que possam direcionar todos os países a reduzirem as emissões de gases que causam o efeito estufa, limitando o aumento da temperatura neste século a 2°C para evitar –ou reduzir– os impactos adversos e perdas que ocorrerão em virtude deste quadro.

O novo relatório da OMM está sendo divulgado antes do Congresso Meteorológico Mundial, marcado para 22 de maio a 2 de junho, que debaterá como fortalecer os serviços de clima e de meteorologia. Dentre as prioridades, estão sistemas de alerta precoce para proteger as populações de desastres naturais.

 

*Com edição do SuperBairro.

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