A decisão foi tomada após assembleia nesta quinta-feira; os trabalhadores estão com 11 salários atrasados e a greve que já dura um ano e meio
DA REDAÇÃO
Cerca de 150 trabalhadores da Avibras ocuparam o pátio da fábrica de Jacareí na manhã desta quinta-feira (14). A decisão foi tomada, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, após a fábrica se recusar a abrir os portões para os grevistas realizarem uma assembleia, diferentemente de outras assembleias realizadas no interior da planta. No final da tarde, a ocupação continuava
A decisão de ocupação ocorreu depois que o sindicato informou aos trabalhadores que a Avibras desmarcou de última hora uma reunião prevista para esta quinta-feira. Após serem informados da atitude da empresa, em assembleia realizada nesta manhã do lado de fora dos portões, os grevistas decidiram ocupar o pátio. Após negociação com seguranças da empresa, os portões foram abertos e a ocupação teve início de forma pacífica.
Os cerca de 1.200 trabalhadores da Avibras estão em greve há um ano e meio. A paralisação começou em setembro de 2022 devido a sucessivos atrasos nos salários. Atualmente, a empresa está em débito com 11 vencimentos.
Segundo o sindicato, os metalúrgicos pretendem permanecer no pátio da Avibras até que a empresa dê um posicionamento sobre a situação. “Os trabalhadores estão angustiados com o desrespeito contínuo da Avibras. Ao longo desses 11 meses, muitos foram obrigados a ir para a informalidade para tentar manter o sustento de suas famílias. Desesperados, decidiram ocupar o pátio”, explicou o presidente do sindicato, Weller Gonçalves.
A crise
A Avibras ingressou com pedido de recuperação judicial em março de 2022, no mesmo mês em que demitiu 420 trabalhadores. Os cortes foram cancelados pela Justiça, em resposta a ação movida pelo sindicato, e os trabalhadores foram transferidos para o regime de layoff. Desde então, a suspensão dos contratos de trabalho já foi renovada quatro vezes. Em fevereiro deste ano, o pedido de recuperação judicial foi homologado pela 2ª Vara Cível de Jacareí.
O sindicato defende a estatização da empresa como forma de manter sua operação e, segundo ele, dar continuidade às atividades estratégicas para o país. Weller explicou que a entidade se reuniu diversas vezes com representantes dos governos municipal, estadual e federal em busca de soluções e intervenções para a situação e, até agora, nada foi feito.
“O protesto de ocupação também ocorre para chamar a atenção das autoridades, principalmente do governo federal, que têm responsabilidade nessa situação. Estamos diante de uma crise na principal empresa do setor de defesa do Brasil, com importância estratégica para a soberania nacional. O governo não pode fechar os olhos para isso”, concluiu.
Outro lado
Contatada pelo SuperBairro sobre a ocupação, a Avibras respondeu com a seguinte nota:
“A Avibras repudia veementemente os atos violentos praticados pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que invadiu a empresa na manhã desta quinta-feira, dia 14/03/24. Consideramos esse ato incoerente e truculento, pois a companhia tem comunicado constantemente, tanto ao sindicato quanto aos seus colaboradores, o andamento de suas iniciativas de recuperação econômico-financeira.
A Avibras está empenhada em várias frentes, incluindo o plano de recuperação que está em execução e o processo de entrada de um investidor estratégico que se encontra em fase final e irá capitalizar a empresa.
Reconhecemos que o momento é muito difícil para todos, mas a Avibras está confiante que irá superar todos esses desafios e voltar a operar normalmente em breve, sanando todas as pendências trabalhistas.”