Grevistas se encaminham para ocupar o pátio da unidade da Avibras em Jacareí. Foto / Roosevelt Cássio/Sindmetal SJC

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

A decisão foi tomada após assembleia nesta quinta-feira; os trabalhadores estão com 11 salários atrasados e a greve que já dura um ano e meio

 

DA REDAÇÃO

Cerca de 150 trabalhadores da Avibras ocuparam o pátio da fábrica de Jacareí na manhã desta quinta-feira (14). A decisão foi tomada, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, após a fábrica se recusar a abrir os portões para os grevistas realizarem uma assembleia, diferentemente de outras assembleias realizadas no interior da planta. No final da tarde, a ocupação continuava

A decisão de ocupação ocorreu depois que o sindicato informou aos trabalhadores que a Avibras desmarcou de última hora uma reunião prevista para esta quinta-feira. Após serem informados da atitude da empresa, em assembleia realizada nesta manhã do lado de fora dos portões, os grevistas decidiram ocupar o pátio. Após negociação com seguranças da empresa, os portões foram abertos e a ocupação teve início de forma pacífica.

Os cerca de 1.200 trabalhadores da Avibras estão em greve há um ano e meio. A paralisação começou em setembro de 2022 devido a sucessivos atrasos nos salários. Atualmente, a empresa está em débito com 11 vencimentos.

Segundo o sindicato, os metalúrgicos pretendem permanecer no pátio da Avibras até que a empresa dê um posicionamento sobre a situação. “Os trabalhadores estão angustiados com o desrespeito contínuo da Avibras. Ao longo desses 11 meses, muitos foram obrigados a ir para a informalidade para tentar manter o sustento de suas famílias. Desesperados, decidiram ocupar o pátio”, explicou o presidente do sindicato, Weller Gonçalves.

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A crise

A Avibras ingressou com pedido de recuperação judicial em março de 2022, no mesmo mês em que demitiu 420 trabalhadores. Os cortes foram cancelados pela Justiça, em resposta a ação movida pelo sindicato, e os trabalhadores foram transferidos para o regime de layoff. Desde então, a suspensão dos contratos de trabalho já foi renovada quatro vezes. Em fevereiro deste ano, o pedido de recuperação judicial foi homologado pela 2ª Vara Cível de Jacareí.

O sindicato defende a estatização da empresa como forma de manter sua operação e, segundo ele, dar continuidade às atividades estratégicas para o país. Weller explicou que a entidade se reuniu diversas vezes com representantes dos governos municipal, estadual e federal em busca de soluções e intervenções para a situação e, até agora, nada foi feito.

“O protesto de ocupação também ocorre para chamar a atenção das autoridades, principalmente do governo federal, que têm responsabilidade nessa situação. Estamos diante de uma crise na principal empresa do setor de defesa do Brasil, com importância estratégica para a soberania nacional. O governo não pode fechar os olhos para isso”, concluiu.

Outro lado

Contatada pelo SuperBairro sobre a ocupação, a Avibras respondeu com a seguinte nota:

“A Avibras repudia veementemente os atos violentos praticados pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que invadiu a empresa na manhã desta quinta-feira, dia 14/03/24. Consideramos esse ato incoerente e truculento, pois a companhia tem comunicado constantemente, tanto ao sindicato quanto aos seus colaboradores, o andamento de suas iniciativas de recuperação econômico-financeira.

A Avibras está empenhada em várias frentes, incluindo o plano de recuperação que está em execução e o processo de entrada de um investidor estratégico que se encontra em fase final e irá capitalizar a empresa.

Reconhecemos que o momento é muito difícil para todos, mas a Avibras está confiante que irá superar todos esses desafios e voltar a operar normalmente em breve, sanando todas as pendências trabalhistas.”

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