Retirada de objetos que podem acumular água é uma das tarefas para combater a dengue em S. José. Foto / Adenir Britto/PMSJC

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

A Secretaria de Saúde da Prefeitura mostra ao SuperBairro como está atendendo a população com suspeita de dengue, explica sintomas e formas de tratamento, e revela que a primeira Análise de Densidade Larvária (ADL) de 2024, que deveria verificar a situação dos focos de “Aedes aegypti”, foi interrompida para direcionar todas as equipes ao bloqueio da transmissão da doença

 

DA REDAÇÃO

Respondendo questionário enviado pelo SuperBairro, a Secretaria de Saúde da Prefeitura de São José dos Campos revelou que a estimativa do estado é de que os casos de dengue se manterão durante todo este ano. Mas afastou a possibilidade de um decreto de emergência no município no momento, como tem ocorrido em outras cidades e estados. “Cada município avalia suas condições para decreto de situação de emergência, conforme avaliação epidemiológica, assim como cada estado”, explicou.

Ainda segundo a Prefeitura, a primeira ADL (Avaliação de Densidade Larvária) de 2024, que teve início em janeiro, foi interrompida porque, com a alta no número de casos, as equipes foram redirecionadas para fazer o bloqueio da transmissão da doença. A secretaria informou que a situação já foi “tratada com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo”.

Veja abaixo a íntegra das respostas às 10 perguntas do SuperBairro. As definições entre colchetes foram pesquisadas pelo SuperBairro para melhor compreensão do leitor.

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Quantos casos confirmados de dengue o município de SJC teve até agora no ano de 2024? Quantos casos em investigação? Algum óbito?

Até 2 de março, foram registrados 5.038 casos confirmados e uma morte.

Quantos casos confirmados ocorreram no município nos anos de 2023, 2022 e 2021? Algum óbito?

Em 2021: 621 casos confirmados e 1 morte. Em 2022: 1.695 casos confirmados, sem mortes. Em 2023: 1.051 casos confirmados, sem mortes.

Qual é o protocolo da Secretaria de Saúde para atendimento de casos na rede do município? Onde os pacientes estão sendo atendidos? Os pacientes com sintomas de dengue obedecem à mesma ordem de chamada dos demais pacientes que procuram a rede de saúde?

O paciente pode buscar atendimento, preferencialmente, nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde), ou nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), que possuem teste NS1 de dengue, com fila dedicada.

O paciente pode se dirigir aos hospitais se há sinais de gravidade para diagnóstico e classificação adequada do estadiamento [avaliação do grau dos sintomas] do paciente para instituição do manejo clínico.

Nas UPAs e hospitais da rede pública, todo paciente, independentemente do diagnóstico, passa por avaliação para classificação de risco quanto à gravidade. Nas UBSs, é realizado acolhimento das demandas de saúde para avaliação ou encaminhamentos, caso necessário.

Qual é o protocolo básico de tratamento dos pacientes? Internação ou tratamento em casa? Qual é a medicação básica adotada?

Repouso; hidratação constante, ingerir muito líquido (água e soro); se tiver febre, tomar antitérmicos; não tomar anti-inflamatórios, já que podem causar sangramentos.

Quais são os sintomas que devem definir a ida da população à rede de saúde?

Os sintomas sugestivos de suspeita de dengue são febre de duração de dois a sete dias que apresente duas ou mais das manifestações a seguir: náuseas; vômitos; exantema [doença infecciosa aguda]; mialgia [dor muscular]; cefaleia (dor de cabeça); dor retro-orbital [atrás dos olhos]; petéquias [manchas avermelhadas na pele] ou prova do laço [exame com base na medição da pressão arterial] positiva; leucopenia [efeito colateral indicado pela baixa dos glóbulos brancos no sangue].

O paciente com suspeita de dengue deve retornar imediatamente ao serviço de saúde em caso de aparecimento dos sinais de alarme: dor abdominal intensa e contínua; vômitos persistentes; acúmulo de líquidos: ascite [barriga d’água], derrame pleural [acúmulo de líquido entre as pleuras dos pulmões], derrame pericárdico [excesso de líquido no pericárdio, membrana que envolve o coração]; hipotensão postural [queda excessiva da pressão arterial com o paciente em pé] ou lipotímia [sensação de perda dos sentidos e da força muscular]; hepatomegalia [aumento de tamanho do fígado] maior do que 2 centímetros do rebordo costal; sangramento de mucosa; letargia ou irritabilidade.

A Secretaria de Saúde recomenda o uso de repelentes à base de Icaridina ou de alguma outra substância? Tem outras recomendações para a proteção contra a picada do mosquito?

O Ministério da Saúde recomenda que o paciente com dengue, se puder, use repelentes para evitar ser fonte de viremia para novos mosquitos, bem como calças e mangas compridas para evitar o mosquito transmissor. Importante lembrar que os pacientes com lesão de pele não podem usar repelentes e a dengue pode causar manchas vermelhas na pele, que podem coçar. Como proteção coletiva, a orientação é eliminar os possíveis focos de mosquito do domicílio, assim como uso de telas nas portas e janelas.

Agente faz inspeção em residência para verificar criadouros do mosquito. Foto / Claudio Vieira/PMSJC

Quais foram os resultados das Avaliações de Densidade Larvária (ADLs) em 2023, 2022 e 2021?

Em 2021 – 1ª ADL (janeiro): 0,5; 2ª (abril): 0,5; 3ª (julho): 0,2; 4ª (outubro): 0,2. Em 2022 – 1ª (janeiro): 1,1; 2ª (abril): 1,4; 3ª (julho): 0,3; 4ª (outubro): 0,2. Em 2023 – 1ª (janeiro): 1,3; 2ª (abril): 1,9; 3ª (julho): 0,5; 4ª (outubro): 1,4.

[Para a realização de uma ADL é utilizado o Índice de Breteau, um valor numérico que define a quantidade de Aedes aegypti em fase larvária encontrada dentro das residências e serve como referência para medir o nível de infestação do mosquito. O Ministério da Saúde define como ideal índices iguais ou abaixo de 1,0.]

Já foi feita coleta para Avaliação de Densidade Larvária neste primeiro trimestre de 2024? Se sim, a secretaria já tem os resultados? Se não, quando terá?

A primeira Avaliação de Densidade Larvária de 2024 teve início em janeiro, atendendo a programação estabelecida. Porém, com a alta no número de casos de dengue as equipes da Prefeitura foram redirecionadas para as ações que envolvem o bloqueio de transmissão da doença. Por esse motivo, a ADL foi interrompida, situação já tratada com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

Como tem sido feito o trabalho de nebulização de áreas contra criadouros da dengue? Quantas equipes estão trabalhando? Como a população pode apontar locais suspeitos?

O trabalho de nebulização ocorre mediante as notificações de casos de dengue, quando o munícipe procura o atendimento médico e o serviço o classifica como um paciente suspeito de dengue e o caso é notificado para o município.

Após entrevista e identificação do local de permanência do paciente, delimita-se uma área de abrangência onde a equipe de combate às endemias realiza o controle de criadouros para, posteriormente, realizar a nebulização. Nebulização e bloqueio são realizados 72 horas após a notificação do caso de dengue.

A atividade de controle de criadouros envolve a busca de novos pacientes suspeitos da doença, orientação aos moradores, retirada de criadouros quando houver indicação (a Prefeitura dispõe de um serviço de rotina para a retirada de criadouros) e aplicação de larvicida em locais onde não é possível a remoção ou mudança de posição dos criadouros.

Nos dias seguintes, ocorre a realização da nebulização, que é a aplicação de inseticida para eliminação do mosquito em sua fase adulta na mesma área onde ocorreu a atividade de controle de criadouros.

Atualmente, todas as equipes estão trabalhando nas ações de controle de criadouros e nebulização. A população deve sempre buscar o atendimento médico, público ou privado, quando aparecem os sintomas da doença.

A secretaria trabalha com qual estimativa de comportamento da dengue no município nos próximos meses? Até que mês é previsto o crescimento do número de casos? Existe um limite para a declaração de epidemia? Quem declara, o município ou o estado?

A estimativa do estado é de sustentação de casos por todo o ano. Cada município avalia suas condições para decreto de situação de emergência, conforme avaliação epidemiológica, assim como cada estado.

 

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