Até quando?: Felício muda de camisa na política, mas parece não querer mexer no governo. Foto / Facebook/Reprodução 
Depois de uma semana quente e tensa, o prefeito Felicio Ramuth (PSD) resolveu mostrar nas redes sociais que a cidade não perdeu a governabilidade, mesmo em um período de instabilidade política. Felicio fez uma “live” no ambiente da famosa reunião das tardes de segunda-feira, realizada no sétimo andar do Paço, da qual participam todos os secretários e demais ocupantes de cargos de comando na administração. Todos se apresentaram e interagiram com o prefeito.
A intenção do vídeo [veja aqui] ficou muito clara. Felicio quis mostrar à população que o governo continua funcionando, todos estão em seus cargos, a vida está normal.
A demonstração de união era necessária depois que a reação do deputado Eduardo Cury –pela saída de Felício, Anderson e companhia do PSDB para ingressar no PSD– ganhou mais destaque do que a própria debandada. Com o vídeo, o prefeito quis assegurar que a cidade tem comando.
É claro que a necessidade de demonstrações de vida normal está apenas começando. Ainda vai ser preciso provar que a base de apoio no Legislativo continua unida. E, por último, que PSD e PSDB vão conseguir conviver em paz. O primeiro desafio será a eleição de outubro, especialmente quanto às candidaturas a deputado estadual e federal. Será que isto vai render vídeo?
Esfriando a cabeça. Ou não?
Horas depois da “live” no Paço, a poucos quilômetros dali, na sede do PSDB, foi realizada uma reunião. Na pauta, os últimos acontecimentos da política joseense. Imagine a temperatura das discussões.
O deputado Eduardo Cury participou do encontro, mas, procurado pelo colunista, informou por meio de sua assessoria que ele e o partido ainda estão avaliando algumas questões antes de se manifestarem publicamente.
O momento pede muita reflexão entre os tucanos. Mas, quem ainda é tucano e quem vai passar para o lado do PSD agora ou nos próximos dias e meses? Esta é a primeira questão a ser avaliada.
PONTO A PONTO
Pinheirinho, 10 anos (1)
Partidos de esquerda e sindicatos fizeram barulho no sábado (20), quando se completaram 10 anos da reintegração de posse da área do Pinheirinho, na região sul, com a expulsão das cerca de 6 mil pessoas que viviam no local. A ação da Polícia Militar, somada a uma tentativa de reação dos invasores, deu ares de confronto à operação. A maioria da opinião pública condenou o então governador Geraldo Alckmin, à época no PSDB, e a polícia.
A repercussão gerou um embate no campo político reunindo o Governo Federal da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e as oposições locais, até que as famílias conseguiram que fosse erguido um conjunto de 1.416 casas na região sudeste do município. A entrega foi feita no final de 2016.
As manifestações de sábado na estrada do Imperador, em frente à antiga invasão, foram comandadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos (Sindmetal) e, segundo os organizadores, por mais 200 entidades.
Pinheirinho, 10 anos (2)
Isto não vai dar certo. Enquanto o “namoro” entre Lula e Alckmin segue aparentemente bem, militantes do PT e dirigentes de organizações mais à esquerda no espectro ideológico fazem questão de demonstrar que não estão gostando da chapa Lu-Al. “Geraldo Alckmin, não esqueceremos da violenta desocupação do Pinheirinho”, dizia uma das faixas da manifestação de sábado.
Pinheirinho, 10 anos (3)
Revigorado pela liderança de Lula nas pesquisas para presidente, o PT de São José parece ter, como a Fênix, renascido das cinzas. O presidente do partido, Wagner Balieiro, e a vereadora Amélia Naomi circularam com desenvoltura no sábado.
O veteraníssimo Eduardo Suplicy, hoje vereador na cidade de São Paulo, mostrou a cara e autografou exemplares de seu livro “Um Jeito de Fazer Política”, com um capítulo dedicado à desocupação.
Até o ex-prefeito Carlinhos Almeida ensaiou um retorno às ruas e à militância. Em suas redes sociais, ele convidou os seguidores a participarem da manifestação da parte da manhã e também avisou que, às 19h, nas proximidades, seria exibido o filme “Pinheirinho: a Luta Contra Injustiças”.
Em tempo: o advogado Toninho Ferreira, do PSTU, também se sentiu em casa.
MDB já tem a chapa
O MDB de São José saiu na frente e já mostrou com quem vai disputar as eleições de outubro. Por coincidência, o partido vai às urnas com dois ex-tucanos: o vereador Fernando Petiti sai a deputado estadual e o ex-vereador e ex-deputado estadual Hélio Nishimoto sai a federal.
Os dois serão apresentados na convenção estadual do partido, que deve ocorrer entre o final de julho e o início de agosto. O lançamento de seus nomes como pré-candidatos, segundo Petiti, ocorreu em reunião do diretório local na última quinta-feira (20).
Nishimoto ficou de fora da Assembleia Legislativa na eleição de 2018, em que dobrou com o deputado Eduardo Cury pelo PSDB. Já Fernando Petiti se arriscou a mudar de partido para realizar o sonho de ser candidato, teve 26.018 votos, não se elegeu e, quando voltou para a Câmara, o suplente tucano Dié Alvarenga reivindicou o mandato e Petiti tirou férias forçadas, voltando apenas na eleição de 2020.
Lula na CBN Vale
Nesta quarta-feira (26), a partir das 9h, o pré-candidato do PT à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, será o entrevistado da rádio CBN Vale. Mas não adianta ir até o estúdio da rádio, a entrevista será à distância.
A conversa será conduzida pelos jornalistas Fernando Carlos, Hélcio Costa e Marcelo Rocha e deve durar pelo menos até as 11h. Ah, a CBN pode ser ouvida na frequência de 750 AM ou ouvida/vista pela internet.
NA CÂMARA
Fechada até 30 de janeiro
Faltando uma semana para o retorno do recesso, a Câmara de São José dos Campos sofre as consequências do aumento da transmissão da variante ômicron da covid-19. Desta segunda-feira (24) até o próximo domingo (30), o Legislativo vai estar praticamente fechado.
Os funcionários ficarão em teletrabalho e a entrada de pessoas em qualquer dependência do prédio será proibida. As exceções serão os serviços administrativos essenciais mediante autorização da Secretaria Geral.
Também será permitido o acesso para o protocolo de documentos que não possam ser encaminhados eletronicamente. Nesse caso, será autorizada a entrada de uma pessoa por vez, exclusivamente para essa finalidade.
A Câmara informou que, como prevenção, foram aplicados 189 testes de covid-19 nos dias 19 e 20 deste mês.
GESTÃO
Itapemirim e o “abraço de afogado”
Já era esperada a tentativa de um “abraço de afogado” do Grupo Itapemirim na Prefeitura. Enquanto o poder público procura exigir o estrito cumprimento da lei em relação aos contratos vencidos por duas de suas empresas para operar o transporte coletivo da cidade, o Itapemirim tenta o “jeitinho”. A intenção pode ser judicializar o assunto.
O último “round” da disputa teve a Prefeitura notificando o Itapemirim de que está providenciando a rescisão unilateral dos contratos. O grupo preferiu não entrar no mérito das alegações da Prefeitura e disse apenas que não foi dado o prazo legal de cinco dias úteis para a sua manifestação.
Para azedar ainda mais a marmita, a Confederação Nacional dos Usuários do Transporte (Conut) anunciou que está estudando ingressar com medida judicial e, ao mesmo tempo, oferecer denúncia ao Ministério Público para averiguar a conduta do prefeito e de secretários municipais por ato de improbidade administrativa.
A Conut apontou vários problemas que estariam ocorrendo desde que a Prefeitura resolveu prorrogar os contratos das atuais empresas concessionárias. Depois de criticar as decisões do município durante a licitação, a entidade carrega um pouco nas tintas ao dizer que o transporte público de São José dos Campos apresenta problemas crônicos e que é alvo de “desconfiança por parte dos usuários”.
Menos, Conut. O transporte coletivo de São José é muito bom. Pode e deve melhorar, mas é muito bom.
Na Justiça…
O ex-vereador Wagner Balieiro (PT), hoje presidente do partido, comemorou em seu Facebook a medida liminar concedida pela Justiça na quinta-feira (20) para ação de sua autoria com o objetivo de barrar a licitação do transporte coletivo. “A decisão reforça nossas denúncias e o trabalho que fizemos para impedir que uma empresa falida, que está em recuperação judicial, é suspeita de fraudes e deu calote em mais de 5 mil trabalhadores, viesse para nossa cidade”, publicou Balieiro.
O juiz Eduardo de França Helene, da 1ª Vara da Fazenda Pública, suspendeu a contratação das empresas do Grupo Itapemirim por meio de liminar. Em sua decisão, ele fala em “preservar o patrimônio público” e que o contrato decorre de “vícios insanáveis” ocorridos na licitação.
Talvez a decisão judicial ainda ajude o governo a colocar uma pá de cal na crise com o Itapemirim neste momento. Ou seja, licitação cancelada e, em consequência, contratos rescindidos com as duas empresas do grupo. Tudo por decisão da própria Justiça.
Só vai complicar se sobrar algum “pepino” para o prefeito Felicio Ramuth (PSD) pela tal “possibilidade de dano patrimonial irreversível ao erário”, como aponta o juiz em sua liminar.
Falando em dano patrimonial…
A oposição ao prefeito Felicio não pode comemorar totalmente os fatos da última semana. Na quarta-feira (19), a Prefeitura desistiu de levar à Justiça o caso em que o poder público terá de pagar uma indenização de R$ 69,5 milhões à Rek Construtora. A então prefeita Angela Guadagnin (PT), em 1993, autorizou a construtora a implantar uma usina de incineração de lixo no município para, 42 dias depois, revogar o alvará que havia concedido.
A Rek entrou na Justiça e venceu. A Prefeitura ainda tentou interpor recursos, mas perdeu todos e não haverá outra saída senão pagar a indenização milionária.
Uma auditoria realizada pela atual gestão concluiu que houve erro do governo da petista, que em vez de revogar o alvará deveria determinar sua anulação. O Ministério Público (MP) analisou o caso, ouvindo a ex-prefeita, que negou irregularidades. A ação no MP foi arquivada. Ainda existe a questão do prazo decorrido, que geraria a prescrição de qualquer ação contra Angela e dois secretários municipais da época.
Resumindo: alguém errou, mas o prejuízo será pago pelo contribuinte.
TOQUE FINAL
