Conflitos da vida familiar ocupam a tela da Netflix. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

“Comunicação é tudo. Validação mútua. Compartilhar preocupações, medos, tristezas e alegrias”: essas frases iniciais capturam a atenção do telespectador. A maior riqueza do filme “O que tiver que ser”, da Netflix, está nos diálogos, sejam entre marido e mulher, terapeuta e pacientes, mães e filhos: todos trazem pitadas de uma realidade tantas vezes calada, oculta, sufocada.

A protagonista Stella (também roteirista e diretora sueca Josephine Bornebusch: Séries “Bebê Rena” e “Me Ame”) é uma mulher esgotada, que cuida sozinha da casa e dos filhos, enquanto o marido Gustav (Pål Sverre Valheim Hagen: “Onde está Segunda”, Série “Exit”) trabalha como terapeuta de casais.

A sua dedicação à família é tanta, que assume sozinha todas as tarefas porque tem um perfil controlador e acredita que o marido não é capaz de fazê-las do seu jeito, tornando-o ausente também como pai. E por não compartilhar obrigações e sentimentos, comunicar dores e angústias, acaba por afastá-lo.

Quantos de nós em algum momento não agimos assim, assumindo a tarefa do outro? Fazemos, nos calamos e o imobilizamos, sem perceber. Muito interessante a abordagem da autora se utilizando de uma viagem em família para estimular o diálogo, introduzindo o pai ao mundo dos filhos, levando-os a confiar nele com atitudes aparentemente simples, mas que ele desconhecia porque durante anos foram exclusivas da mãe. Se você, que está lendo este texto, se reconhece assim em algum aspecto, sugiro fortemente que assista ao filme.

> Trailer

 

> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há 12 anos na Vila Ema.

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