Foto / Maria D'Arc Hoyer

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Para espantar a tristeza, sacudir a poeira e não perder a fé em que dias melhores estão logo ali, dobrando a esquina tortuosa da vida, decidi me apegar com unhas e dentes a qualquer ocorrência de atitudes e coisas belas que cruzarem meu caminho.

Pode ser o contrário também, pois acho que fui eu a cruzar o caminho da Paineira Rosa, que está sempre por lá, à beira da pista de caminhada que eu frequento.

E é sobre essa árvore majestosa e nativa das florestas brasileiras e bolivianas que quero falar hoje; porque beleza tem que ser compartilhada, e vai que você não reparou ainda?

Talvez a conheça por outro nome. É chamada também de barriguda, árvore de lã, árvore de paina, paineira de seda e vários outros. O nome científico é Ceiba Speciosa.

Observei que elas estão por toda parte aqui na cidade. No corredor de árvores às margens do córrego da avenida Fundo do Vale, ali por perto dos prédios da Câmara e da Prefeitura, tem várias.

Local perfeito para a Paineira, que curte solos férteis e, prevenida, acumula água no tronco espinhoso para enfrentar eventuais secas. Vem daí o apelido de barriguda.

Vamos combinar que as formas do tronco e dos galhos não são os mais charmosos com tantas rugas e espinhos. Mas, após bater os olhos na florada, quem se importa com isso?

As flores têm cinco pétalas longas, que abrigam diversas cores. Da ponta até a metade, a pétala exibe um cor-de-rosa que está entre o pink e o rosa-bebê. Daí até o miolo, assume um amarelo suave todo riscadinho por finas pinceladas de um vermelho-rubi. O estame tem a forma de um cetro real.

A borboleta monarca é um dos insetos que presta reverência para essa rainha da natureza, quando ela tira do armário seu vestido de festa. As abelhas e mamangavas também comparecem ao banquete generoso.

Nos galhos pelados de folhas, os frutos que substituirão as flores são enormes. Ovais à moda do cacau, mas sem os gomos. Lembram abacates também.

Eles vão secar e se abrir em cachos de paina; uma espécie de lã fina e branquinha, que em tempos passados era usada para encher travesseiros.

Aqui na região Sudeste, a florada da Paineira chega com os ventos do outono.  Período apropriado para a brisa levar a paina, que os frutos soltarão em breve, espalhando as pequenas sementes em busca de uma nova oportunidade de fazer brotar vida e beleza.

Temos muito a aprender com a Paineira. #vaipassar

 

> Maria D’Arc Hoyer é jornalista (MTb nº 23.310) há 28 anos, pós-graduada em Comunicação Empresarial. Mora na região sudeste de São José dos Campos. É autora do blog recortesurbanos.com.br.