Vai uma comidinha natural?

Confesso que, pesquisando e conversando com as pessoas sobre o assunto dessa semana na coluna –comida natural para os pets–, me senti uma tutora bem mais ou menos. Porque dá um trabalho danado fazer essas comidinhas naturais dos pets e os benefícios são muitos. Os alimentos devem ser pesados e deve haver um equilíbrio entre carboidratos, proteínas, gordura, mais isso, menos aquilo, cada animal tem uma dieta.

Mas, segundo os tutores adeptos da AN –como ficou conhecida a alimentação natural– e alguns veterinários que prescrevem essa dieta, apesar do trabalho os resultados são os melhores possíveis para o pet.

Vale a pena o investimento de tempo, porque em termos financeiros a diferença não é lá essas coisas, principalmente se o pet apresenta problemas de saúde ou não se adapta à ração e o tutor tem que ficar trocando o tempo todo.

Nina chique

Que o diga a terapeuta Rosana Okida, que vivia trocando a ração de sua cachorrinha Nina, uma shih tzu de 10 anos, porque ela sempre apresentava algum problema de saúde.

Quando ela acertou com uma ração hipoalergênica –por conta das alergias da Nina–, os rins da cachorrinha começaram a sentir e foi então que, por indicação de uma veterinária, Rosana decidiu investir na alimentação natural para a Nina; e isso vem acontecendo há quatro anos.

Desde então, Nina nunca mais teve problemas de alergia ou rins, nunca mais precisou tomar remédios para isso e até os seus pelos ficaram mais brilhantes.

“No começo me atrapalhei um pouco para pesar as quantidades certas, mas depois que peguei o jeito achei bem tranquilo”, conta Rosana, que faz uma comida balanceada para a Nina, com carnes, legumes, arroz de sushi, ovos, mandioquinha, algumas frutas e muito mais. Pensa numa cachorra chique!

Ela diz que nunca fez as contas para saber se a comida natural fica mais cara que a ração, mas adianta que “o fato da Nina comer com gosto e nunca mais ter tido alergia não tem preço”. Fato, concordo.

Dior chiquérrimo

Outro cachorro que também é adepto da alimentação natural é o chiquérrimo Dior, um yorkshire de 3 anos. Graças à sua tutora, Anna Luiza Ramsthaler, que é psicóloga e terapeuta holística –portanto superadepta de tudo que é natural–, quando o danadinho do Dior começou a recusar todas as rações, há pouco mais de um ano, a veterinária decidiu entrar com a alimentação natural.

Porém, sem tempo para preparar as comidinhas de seu pet, Anna recorreu a uma empresa especializada que, segundo a psicóloga, “entrega tudo certinho e com ótima qualidade”.

Por esse motivo as refeições do Dior acabaram ficando mais caras, mas ainda assim Anna afirma que vale a pena, considerando que um pet mal alimentado, de acordo com as suas necessidades individuais, vai gerar mais despesas com veterinário. E segundo a psicóloga, “tudo que é natural é muito mais saudável”.

E aí, doutora?

Nada melhor do que um especialista no assunto para que possamos entender melhor como tudo funciona. Por isso mesmo resolvi conversar com a veterinária Mariana Ramos, 38 anos e nove de profissão, que explica tudo sobre a alimentação natural dos pets.

A primeira coisa que precisamos saber, segundo Mariana, é que a alimentação natural requer tempo e organização por parte do tutor, e nem todos conseguem seguir essa rotina. Nesse caso, a ração é a melhor opção, já que uma alimentação natural mal feita traz muitos prejuízos para a saúde do animal.

Ou seja, não dá para improvisar. Na verdade, o animal deve realizar alguns exames antes de iniciar essa alimentação, até porque ela é direcionada para cada tipo e os problemas que apresenta. No caso de cães idosos, por exemplo, algumas restrições deverão ser aplicadas, pois a probabilidade de terem alguma doença é maior. Mas quando são filhotes, além da aceitação ser melhor, os benefícios já começam a ser colhidos desde pequenininhos.

Quais são os benefícios?

Mas quais seriam os benefícios de uma alimentação natural? Mariana é quem responde: “essa alimentação proporciona ao animal a forma como ele deveria se alimentar na natureza, ou o mais próximo disso. Todo o seu organismo se beneficia e isto mantém a sua melhor saúde”.

Outros fatores importantes de uma alimentação natural, de acordo com a veterinária, é que aumenta a ingestão de água por parte dos animais (sua composição pode chegar a 70% de água), diminui a ingestão de químicos, os ingredientes são de maior digestibilidade e aproveitamento por parte do animal, as fezes são menores e menos malcheirosas, a pelagem fica mais bonita, além de a alimentação ser mais palatável e prazerosa.

Gato pode?

E para quem está na dúvida se os gatos podem fazer uso dessa alimentação, a resposta é sim. Mas por eles se alimentarem exclusivamente de carnes e algumas gramíneas a dieta é diferente do cão; os benefícios, no entanto, são os mesmos.

Mas seria essa alimentação uma modinha? Mariana faz questão de lembrar que as rações são bem recentes se compararmos com o tempo na história de domesticação dos animais, ou seja, a alimentação natural existe há milhares de anos e as rações há algumas décadas.

A médica veterinária, que desde 2015 estuda e prescreve alimentação natural, espera que ela se torne parte do cotidiano de todos que possuem pet, em função de seus benefícios. Mas acredita que, por conta da praticidade, as rações sempre vão existir no mercado.

Tem onde comprar?

Se você for como eu, que não gosta muito de uma cozinha, ou não tem tempo para o preparo das comidinhas, saiba que existem vários locais que vendem comidas naturais prontas para os pets. Só é preciso saber quais as necessidades de cada um “et voilá”.

Acho que vou embarcar nessa pela saúde do meu bixim!!!

Adote

> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.