O tema do filme é abordado por meio de uma viagem dos protagonistas pelo sul dos Estados Unidos durante a década de 1960. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

“O Brasil não é um país racista”! Esta frase está enterrada num tempo em que assim queriam nos fazer crer; entretanto, acordamos, nos rebelamos e assumimos que o racismo, sim, ainda vive em nossas terras, porém agora tem uma voz e, quando vem à tona, se torna crime.

“Green Book – O Guia”, disponível na Amazon Prime Video, rasga a alma ao expor um período norte-americano extremamente racista. Baseado na história real da amizade entre os protagonistas, o título se refere a um guia para motoristas afro-americanos, que nessa época de segregação racial oferecia informações seguras de locais de hospedagem e alimentação permitidos para pessoas negras.

O excêntrico e erudito Don Shirley (Mahershala Ali: “Estrelas Além do Tempo”, “Moonlight – Sob a Luz do Luar”, “O Curioso Caso de Benjamin Button”. Série “House of Cards”) contrata Tony (Viggo Mortensen: “Um Método Perigoso”, “28 Dias”, “Um Crime Perfeito”), um fanfarrão nova-iorquino falido e extremamente preconceituoso, para motorista durante um tour pelo sul dos EUA, região marcada pela violência racial, especialmente nos anos 60.

Ao presenciar cenas chocantes de racismo –com profissionais do volante, mas também com o pianista– o motorista vai aprendendo lições e reduzindo o abismo da etnia, algo que se fortalece como uma mensagem de iluminação universal sobre o tema. Durante o caminho, o preconceito de ambos os lados vai pouco a pouco dando lugar a laços de afeto e a uma amizade inimaginável. Um belíssimo e premiado filme.

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Série

“O Poder e a Lei”

Interessante observar as diferenças existentes entre os sistemas jurídicos de cada país. “The Lincoln Lawyer” nos mostra o raciocínio do advogado colecionador de carros Lincoln, Michael [Mickey] Haller (Manuel Garcia-Rulfo: “As Viúvas”, “Assassinato no Oriente Express”, “Sete Homens e Um Destino”) e a estratégia montada para os resultados pretendidos, seja na abordagem junto aos juízes, na arguição de testemunhas e até mesmo na fala inicial diante dos jurados, durante o julgamento de um duplo homicídio.

Postura, tom da voz, verbos adequados, captura da emoção, movimentos lentos ou bruscos, tudo milimetricamente estudado –e explicado para a ex-cliente e agora sua motorista particular, Izzy (Jazz Raycole: séries “Todo Mundo Odeia o Chris”, “The Soul Man”). O protagonista mantém curiosa relação com suas ex-mulheres, a promotora Maggie (Neve Campbell: “Pânico”, “O Assassinato do Presidente”. Série “House of Cards”) e a assistente Lorna (Becki Newton: “O Som do Coração”, “Segunda Chance”. Séries “American Dad”, “Ugly Betty”), que dá um tom cômico em alguns episódios ao lado de seu namorado, o investigador particular Cisco (Angus Sampson: “Benji”, “Mad Max – a Estrada da Fúria”, “A Lenda dos Guardiões”).

A série é baseada na produção literária de Michael Connelly, que em 2011 teve seu primeiro livro adaptado para o cinema (“O Poder e a Lei”), protagonizado por Matthew McConaughey (“Clube de Compras Dallas”, “Interestelar”, “O Lobo de Wall Street”).

Diálogos inteligentes, trama bem construída, só falta você e a bacia de pipoca para maratonar a primeira temporada na Netflix.

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há dez anos na Vila Ema.

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