Sou viciado em Internet e redes sociais. Por profissão e por vício mesmo. E no meio de tudo o que não serve para absolutamente nada, muitas vezes a gente encontra bons textos, conselhos úteis e ideias que nos fazem refletir bastante.
Desta vez foi um texto sobre os novos-velhos –ou seria velhos-novos?– que estão entrando agora na casa dos 60 anos e daí por diante. A constatação é a de que essa geração parece se recusar a ser velha como antigamente.
Li recentemente que na Alemanha, por exemplo, algumas “regalias” a que somente os idosos têm direito, estão sendo concedidas cada vez mais tarde, talvez acima dos 70 ou 75 anos. Por que isto? Porque os idosos de hoje ganharam mais qualidade de vida, mais saúde, mais interesse pelo trabalho, pelo lazer, enfim, demoram mais para envelhecer.
Encontrei o texto abaixo no perfil de Facebook do ex-vereador José Raimundo Romancini. Conheci o Romancini lá por volta de 1977, ele era vereador pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro), morava no Alto da Ponte e, como bom mineiro, representava a população da região norte, majoritariamente composta por mineiros e seus descendentes. Hoje, ele mora provavelmente na região leste e ainda se interessa em servir a comunidade participando da Saviver, a sociedade dos amigos da Vista Verde. Ou seja, parece que também não pretende envelhecer tão cedo.
Segue o texto. Infelizmente, o autor é desconhecido. Mas sabe escrever e pensar.
Se observamos com cuidado, podemos detectar a aparição de uma nova faixa social que não existia antes: pessoas que hoje têm entre sessenta e oitenta anos. A esse grupo pertence uma geração que expulsou da terminologia a palavra envelhecer, porque simplesmente não tem em seus planos atuais a possibilidade de fazê-lo.
É uma verdadeira novidade demográfica, semelhante ao surgimento da adolescência, que na época também era uma nova faixa social, que surgiu em meados do século XX para dar identidade a uma massa de crianças desabrochando em corpos adultos que não sabiam, até então, para onde ir ou como se vestir.
Esse novo grupo humano, que hoje tem cerca de 60, 70 ou 80 anos, levou uma vida razoavelmente satisfatória. São homens e mulheres independentes que trabalharam durante muito tempo e conseguiram mudar o significado sombrio que tanta literatura latino-americana deu por décadas ao conceito de trabalho.
Longe dos tristes escritórios, muitos deles procuraram e encontraram, há muito tempo, a atividade de que mais gostavam e na qual ganham a vida. Supostamente, é por isso que eles se sentem plenos; alguns nem sonham em se aposentar.
Aqueles que já se aposentaram desfrutam plenamente de seus dias, sem medo do ócio ou da solidão, crescem internamente. Eles desfrutam do tempo livre porque, depois de anos de trabalho, criação dos filhos, carências, esforços e eventos fortuitos, vale bem a pena contemplar o mar, a serra e o céu.
Mas algumas coisas já sabemos; que, por exemplo, não são pessoas paradas no tempo; pessoas de 60, 70 ou 80, homens e mulheres, operam o computador como se tivessem feito isso durante toda a vida.
Eles escrevem e veem os filhos que estão longe e até esquecem o antigo telefone ao entrar em contato com seus amigos, para os quais escrevem e-mails ou mandam whatsapps.
Hoje, pessoas de 60, 70 ou 80 anos, como é seu costume, estão lançando uma idade que ainda não tem nome. Antes, os que tinham essa idade eram velhos e hoje não são mais… hoje, estão física e intelectualmente plenos. Lembram-se da sua juventude, mas sem nostalgia, porque a juventude também é cheia de quedas e nostalgias e eles bem sabem disso.
Hoje, as pessoas de 60, 70 e 80 anos celebram o Sol todas as manhãs e sorriem para si mesmas com muita frequência … elas fazem planos para suas próprias vidas, não para as vidas dos demais.
Talvez, por algum motivo secreto que apenas os do século XXI conheçam e saberão, a juventude é carregada internamente. A diferença entre uma criança e um adulto é, simplesmente, o preço de seus brinquedos.
Nota: Por favor, não guarde, passe adiante, sei que você tem uma juventude acumulada, não importa se são 60, 70, 80 ou mais…
A vida é pra quem sabe viver!
Pronto. Este é o texto, esta é a mensagem. Se você passou dos 60 e anda meio desanimado, saiba que o normal é ser animado. Reaja. Se você ainda é adolescente, jovem ou adulto de meia idade, saiba que os idosos jovens dos dias de hoje não querem ser tratados como eram os idosos de antigamente.
O mundo mudou. Até para os velhos.
> Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 46 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.