Foto / Claudio Vieira/PMSJC

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Sabe quando o sujeito dá aquela tacada certeira, que cai direto na caçapa? Foi o que o ex-prefeito e atual deputado federal Eduardo Cury conseguiu ao desapropriar, em dezembro de 2006, a área de 84.500 metros quadrados que ameaçava cair, em uma tacada sinistra, nas mãos da construção civil e transformar-se em muitas torres de apartamentos.

Na época, o município pagou R$ 22 milhões à proprietária, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Com certeza, foi um dos melhores negócios e uma das formas mais acertadas de usar dinheiro público em toda a história do município.

Assim como também foi uma grande conquista a implantação do Parque da Cidade, em 1996, quando a então prefeita Angela Guadagnin administrava o município e negociou o complexo da antiga fazenda e tecelagem da família Gomes.

Em 27 de julho de 2007, quando a cidade comemorava mais um aniversário, nasceu o Parque Vicentina Aranha como um presente para o presente e para o futuro. Com o passar dos anos, a população de todas as regiões da cidade adotou o parque como um de seus roteiros preferidos.

Voltando um pouco no tempo, o que era o Vicentina antes de transformar-se em parque? Lembro de uma visita que fiz ao local quando o ex-prefeito Ednardo José de Paula Santos –também um ótimo administrador no seu período de 1975 a 1978–, era mordomo da Santa Casa e tentava tocar ali, com sacrifícios, um projeto de clínica de geriatria com atendimento pelo SUS.

A área era formada pelos prédios hoje existentes, mas só o principal era utilizado e, assim mesmo, precariamente. Um matagal sem fim ocultava as preciosidades históricas e arquitetônicas que o antigo sanatório guardava.

Do lado de fora, pouco se imaginava toda aquela riqueza. Muros altos feitos de tijolo aparente escondiam tudo. E além de esconder, davam uma aparência triste, nostálgica, quase sinistra àquela área da Vila Adyana. Isto sem falar na insegurança de um quarteirão todo cercado e sem movimento.

Então veio a inauguração do parque. Primeiro, funcionava timidamente, mais aberto a “exploradores” de seus mistérios. Até que os caminhos começaram a se abrir, o excesso de vegetação foi retirado, mostrando a beleza da natureza com suas árvores e seus pássaros cantando alegremente.

Mais algum tempo depois, o muro foi sendo retirado para dar lugar a uma bela grade em três lados do perímetro do parque que dão frente para as avenidas Nove de Julho e São João e para a rua Prudente Meireles de Morais.

A partir desse momento, aquela exuberância toda ganhou mais e mais fãs apaixonados. Pode-se dizer que a vida em todo o entorno do Vicentina –e de gente vinda de toda a cidade– mudou. Começaram as caminhadas e corridas, os passeios com as crianças, os eventos culturais, a feirinha de artesanato, a feira de orgânicos, as missas e casamentos na capela.

Outra demonstração de amor pelo lugar é o grande número de ensaios fotográficos que noivos apaixonados e sonhadoras candidatas a modelo fotográfico fazem mais e mais, sempre descobrindo um ângulo diferente, uma luz mais apropriada, uma pose especial.

Hoje, terça-feira, dia 27 de abril, o complexo do antigo sanatório completa 97 anos. Já imagino uma grande festa no seu centenário, em 2024. E o parque, daqui a exatos três meses, no dia 27 de julho, vai completar 14 anos.

O SuperBairro nasceu da convicção de que nós temos aqui uma comunidade privilegiada em vários aspectos. É um “centro novo” da cidade, conhecido por muitos como o “centro nobre”, sem nenhuma arrogância, mas para facilitar a localização. Fazia parte da zona sanatorial e, por isso, a região ficou preservada das investidas da especulação imobiliária e passou a crescer na hora certa, a partir da década de 60.

Teve a grande vantagem de contar com as imensas áreas que eram ocupadas pelos sanatórios para tratamento da tuberculose que, após a descoberta da penicilina, perderam a razão de existir.

Infelizmente, perdemos uma quadra inteira de um antigo sanatório na Vila Icaraí, hoje ocupada por vistosas torres de apartamentos. Mas, para a alegria e a qualidade de vida das atuais e de futuras gerações, preservamos o antigo Ezra (hoje Parque Santos Dumont) e o Vicentina Aranha.

Parabéns, Vicentina. Você é uma das pérolas do nosso SuperBairro. Vida longa!

 

> Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.